{3 de junho de 2025}
Os sonhos estavam me dando uma férias, apenas isso.
Muito louco pois eu sou ele mas fica alternando entre me sentir dentro do corpo dele mesmo e vendo de fora e de vez em quando ambas as coisas ao mesmo tempo, algo que somente em sonhos é possível.
É basicamente a mesma situação que se repete e isso é que vai colocando os fatos.
Sou esse homem, acho que em alguns momentos, em menos quantidade, sou uma moça aliás muito parecida comigo mas isso no começo pois vai ficando mais e mais definido como eu sendo esse homem jovem, de aparência meio asiática, mas não japonês nem indiano, parece egíicio, muito forte, de cabelo rente praticamente careca, sempre de torso nu, e basicamente, como disse, está ele-eu num lugar com paredes e ele corre e na primeira vez tem uma parede frontal de vidro e umas mulheres meio doentes ou doidas ou mendigas do lado de fora e não lembro direito o que ou como quebra-se uma das folhas de vidro, e por essa abertura ele-eu passamos para o lado de fora e uma vez em contato com o lado de fora, ele-eu abrimos nossas asas e voamos, não como se o homem ganhasse asas, ele-eu nos transformamos num pássaro enorme, do tamanho de um ser humano, e voamos e voamos e isso é sempre, cansativamente o tempo todo, uma fuga, uma luta de vida ou morte.
Aquelas construções todas em primeiro lugar visam a manter todos prisioneiros, e no que os perseguidores, responsáveis por essa construção-prisão, vem correndo atrás do homem fugitivo para o matar, e acabam vendo que ele é um homem que se transforma em pássaro, essa perseguição fica mais acirrada ainda.
Então tem essa primeira vez da parede de vidro com essas mulheres do lado de fora, parecem, aliás a Lili do Zapping, e eu-ele voamos e voamos e não chega a ser super bom porquê temos que ficar o tempo todo em alerta pois querem nos matar.
Mas tem fios de eletricidade que nem chegam a atrapalhar, como nos meu sonhos de infância, e eu vôo com domínio total, não tem aquele frio na minha barriga e ainda melhor, não tem aquele descontrole que me fazia subir até a estratosfera.
Aí na seguinte vez sou mulher mesmo, estou nesse outro lugar que também visa a mesma coisa, aprisionar e punir, e tem uma garota chorando e como punição por algo, ela é deixada meio equilibrada em cima de uma espécie de torre alta, mas isso estaria dentro ali desse lugar que parece fábrica. Eu não fui vista e me escondi atrás de uma torre parecida, deve ter uns 3 metros de altura, e estou precariamente equilibrada no vão entre a torre e a parede, que é bem junto, algo que não tenho como aguentar por muito tempo, mas estou só pacientemente aguardando as pessoas más que dominam aquele local saírem para sair voando.
A menina, que justamente foi deixada ali para também uma hora. não aguentar, cair e se espatifar no chão, chora apavorada. Eu não estou com medo. Está sendo cansativo, mas tenho sido super capaz de lidar com essas ameaças todas.
Assim que os maus se forem, pretendo levar a menina para o chão, ajudar de alguma forma.
Mas meu grande objetivo é fugir.
O lugar fica vazio e a questão da. menina não consta mais, mas eu vôo pelo interior ali dessa coisa que parece uma fábrica a procura de uma abertura.
Então essa capacidade de me transformar não dependia de estar no exterior.
Eu que preferia me transforma já no exterior por achar mais seguro, já estava em contato com o céu e a liberdade, se ficasse me transformando em recintos fechadoss, ia chamar muita atenção perigosa para mim.
Vôo e vôo e acabo ou encontrando ou fazendo aparecer uma abertura no alto do teto e saio para fora.
Como isso se repete umas três vezes, ficou misturado o que acontece em cada vez, mas numa das vêzes, talvez nessa mesmo, quando estou do lado de fora, há um maquinário enorme, coisa do tamanho de navios mesmo, e eles se mexem de forma imprevista e isso me força a me manter mais alerta ainda, pois não posso ficar tipo " é só voar reto nessa direção". No último instante o maquinário se movia e eu tinha que dar uma guinada.
Mas estou afiado como uma navalha.
Nesse momento não volto mais a ser mulher, sou esse homem careca jovem e forte.
Minha pele é entre morena e avermelhada.
Então acontece algo que tira esse sonho de uma possível explicação como sendo apenas uma fantasia de compensação.
Enquanto eu-ele estávamos voando dentro da tal fábrica, ou do lugar em questão nessa sequência, haviamos sido perseguidos por pessoas no chão.
E esse homem, o que está voando e partir daí só vejo de fora mesmo, toma uma ousada decisão.
Ele quer se tornar mais forte como ser humano.
Como pássaro, já tinha meio que atingido uma espécie de maestria ali, na medida em que um ser com corpo físico atinge maestria em algo.
Mas ele mesmo percebe que esse era seu lado forte e que como homem humano, ele não era forte e só conseguia se proteger e se defender se transformando em pássaro.
Então ele voluntariamente volta a esse lugar fechado do qual tinha acabado de escapar e se coloca lá dentro na forma humana.
E assim como nesses filmes em que o herói vai se tornando um lutador cada vez melhor, ele vai aprendendo a lutar fisicamente.
Aliás nesse pedaço da luta eu volto a estar dentro do corpo dele sim.
Ele vai lutando com quem aparece, sempre homens fortes, e embates corpo a corpo, e primeiro é com um, depois tem uns dois, e ele vai melhorando a ponto de que em determinado momento vem um bando para cima dele e ele derruba todos.
Então surge uma figura que parece personagem de filme indiano de Bollywood: um indiano mesmo, gordo de forte, parecendo um touro, uns olhos arregalados de participante de seita suicida, e com uma adaga de um metro de comprimento.
Aquilo me assusta um pouco mais e primeiro eu-ele saímos correndo, com esse doido indiano atrás gritando:
– Eu vou te matar, seu pássaro!
E então ali dentro mesmo eu-ele nos transformamos em pássaro e escapamos.
Até mesmo me passa pela cabeça que foi meio rápido ele-eu termos decidido que não tínhamos condição de enfrentar o psico-indiano, isso em parte me decepciona, mas penso comigo que talvez tenha sido o mais sensato por causa da enorme adaga, provavelmente afiada como uma gilete, mas de qualquer forma, já nos tornamos bem mais fortes.
Vai ver um pouco de comedimento também, como a força, é uma virtude.
IMAGE CREDITS HIROMASA | OLGA PANTUSHENKOVA | L'OFFICIEL PARIS SEPTEMBER 1993