{31 de maio de 2025}
Ai, ai ai.
Vai desesperadamente na rota de sempre e então…
Não lembro o começo.
Meio que de noite, tem algo rolando perto de uma resolução ou tipo isso, não uma paradeira, algo que estava até se desenrolando de forma boa, e eu resolvo ir comprar um tal doce que eu estava com vontade de comer.
Não acho que tenha a ver com procrastinação e muito mais com o fato de que eu estava me sentindo bem o suficiente para me dar esse luxo.
Aí rola uma parte que ficou super apagada, de eu dirigindo, e sim, me perco.
Tudo de noite e escuro.
E a partir desse ponto o sonho fica mais nítido, como se tivesse passado essa parte meeeega batida de dirigir e se perder em acelerado.
Desço do carro e não lembro se isso seria o objetivo ou não, mas entro numa doceria,
Acho que não era a doceria do doce que eu queria. Tendo me perdido, meu objetivo passa a ser voltar para casa, acho que entro na doceria para me informar, e é um misto de doceria com padaria, algo meio diferente, mas não do tipo descolado, algo até legal, e ali dentro no balcão, como balcão de padaria, está a Tuna.
Sempre a Tuna.
Não chegamos a interagir, não quero impor minha companhia, então mesmo sentadas quase lado a lado, não trocamos palavra. Eu como alguma coisa.
Acho que não quero aumentar meu problema passando fome, então como algo e nisso, vejo que a Tuna acaba de pedir um doce que seria uma das especialidades da casa.
Esse doce tem grande força numinosa no sonho então vou descrever.
Força numinosa é quando a coisa brilha com um brilho invisível, mas palpável, como se estivesse grifada por um marcador de luz.
Vinha num pote, uma cuia, assim do tamanho de uma xícara grande, branca, tinha na consistência de um pudim, com uma calda caramelada por cima.
O Luciano me trouxe pudim essa última vez que veio trabalhar aqui.
Eu vejo aquilo e tá na cara que é mega calórico, mas eu decido experimentar. Hm. Aqui temos algo. Primeiro um doce me bota nesse encrenca, e então um doce ainda mais doce, do tipo que eu evitaria, ferra com tudo de vez, como se verá a seguir.
Atrás do balcão estão o dono desse lugar, um homem de barba meio invocado chamado Jeremias e umas garotas funcionárias que talvez sejam até filhas dele. É um negócio pequeno, bacana e com ar de negócio de família.
Eu peço a ele o mesmo doce, indicando o da Tuna, e ele balança a cabeça, recebendo o pedido. Então o estabelecimento começa a entrar numa movimentação de fechamento. Eles não apenas fechavam, eles mudavam de lugar, como se fosse uma food truck.
Fico sentada achando que em meio a aquilo tudo, ainda vão me preparar meu doce, afinal eu pedi e o dono, o Jeremias, acatou.
Mas assim como numa danceteria, que quando chegava perto da hora de fechar as pessoas eram como que tangidas para o caixa, nós somos tangidos para o andar de baixo, onde ficavam os caixas.
Fico ali na fila e quando chega minha vez, me dirijo a garota que está atrás do balcão, com ar de mal humorada e digo o que eu comi e… numa lógica que só faz sentido no sonho, me acho na obrigação de pagar também pelo que não comi, apenas por ter feito o pedido.
E nisso, numa cena brilhante, me vejo na dificuldade de que não sei o nome do doce que pedi.
Ali no balcão de cima, apenas apontei o doce da Tuna e disse que queria o mesmo.
Digo para a garota, que está de avental e toquinha branca:
– Não sei o nome do doce, pedi para o Jeremias.
– Ah, fale com ele então, sei lá.
A menina é mal humorada, quase grosseira e eu penso:
– Aqui os funcionários seguem essa linha de serem como o Jeremias, mal humorados quase grosseiros e isso é aceito como “cool” pelos frequentadores, ou apenas se submetem, quem nem ao Soup Nazi.
Nisso fica uma coisa sem sentido, pois ao invés da menina me dar o telefone ou contato do Jeremias para eu perguntar o nome do doce, ele me manda dar o meu.
Acho que eu digo o número, mas estou tendo que me concentrar ao máximo para lembrar direito e ela, sempre rudemente, me estende um pedaço de papelão de caixa e uma caneta para eu escrever.
E nisso, mesmo tendo o número na cabeça, eu escrevo umas duas vezes errado, trocando os números. Quase que um descontrole como o de dirigir, mas algo também parecido com quando eu digito errado no computador.
Me concentrando ao máximo, consigo escrever o número certo, aliás, me espanta que no sonho eu lembre certinho o número, lembro agora que chego a dizer o número para ela, sempre certinho, mas tá uma balbúrdia ali e também ela não quer se dar ao trabalho de anotar, então faz eu anotar, e eu escrevo sempre dizendo o número em voa alta certinho, mas escrevendo certo apenas na terceira tentativa.
E nisso eles tem que desmontar o estabelecimento, colocar no transporte e mudar de lugar, quase como ciganos e mais, uma cena brilhante, eu acato indo junto por me parecer a única forma de descobrir o nome, veja bem, do doce que NÃO COMI para pagar a conta e me ver livre para ir para casa, dar continuidade ao que estava fazendo e estava dando certo.
Um conto de Kafka pronto e somente por estar do âmago do meu ser cheia disso de me ver sendo afastada do meu objetivo é que não acho mais graça.
Pois entro nesse ônibus ou coisa assim, com um bandão de gemte que seriam os funcionários ali do estabelecimento e me vejo sendo transportada para kilômetros e kilômetros longe de casa.
Depois de longo percurso chegamos ao que poderia ser descrito como um Hostel, com a frequência habitual de hostels, adolescentes.
Me parece bem de acordo que aquele estabelecimento comercial de caráter meio cigano habitar em hostels. As meninas antipáticas da doceria começam a descarregar as coisas e eu mais uma vez tenho que aguardar ali por uma chance de descobrir o nome do doce que eu não havia comido para quitar minha conta.
Entro no Hostel já cogitando a possibilidade quase fechada de eu pernoitar ali, antes de tudo porquê eu não fazia idéia de onde estava, só sabia que era bem longe da minha casa. O Hostel é um pesadelo. O lugar está entupido de jovens , todos gritando e fazendo tudo juntos, dormindo juntos, comendo junto, tomando banho juntos.
Fico ali procurando um jeito de me ajeitar e então…
E então, ali parada, olhando aquela movimentação ao meu redor, de frente para uma dessas portas duplas de parede inteira que dava para o exterior do local, tenho o único, o único pensamento lúcido do sonho:
– Mas porquê acho que tenho que ficar aqui? Posso perfeitamente ir embora. Depois até posso tentar entrar em contato com o Jeremias por telefone para acertar minha conta. Tenho dinheiro. Vou pegar um táxi e voltar para casa.
Decido fazer isso, mas antes quero ir no banheiro, pois subitamente tenho vontade de evacuar.
Me ponho a procurar o banheiro menos pior do local, não devido a sujeira nada assim, mas nesse tipo de lugar os banheiros costumam ser bem alternativos.
E de fato, entro num banheiro que estava vazio, mas quando vou fechar a porta, percebo que tanto faz, uma vez que a porta, para começar, não chegava até o teto, era tipo porta de reservado, e ainda por cima, era de plástico quase 100% transparente.
Tinha umas cortinas diáfanas que eu puxo e tento ,melhorar ao máximo minha privacidade, mas já estou ficando bem irritada.
Sento no vaso e meio que desencano. Digo a mim mesma:
– Põe para fora.
Mas isso seria pedir demais e realmente não consigo, mas entram duas meninas do tipo jovem e bonita e uma delas, que lembra uma colega minha do Santa Clara, meio morena jambo, faz sinal para a outra de que sente cheiro ruim.
Se tem algo que sai do lugar comum nesse sonho é que mesmo não estando super conseguindo fazer o número 2, pois um poquinho eu consigo, não estou morta de vergonha, e como entendo que muitas vezes os sonhos mostram em um símbolo “vergonhoso” algo de que temos vergonha sem motivo, isso parece um bom sinal.
Tento mais um pouquinho, vejo que não vai dar, então me levanto, subo a calça, pois estou de calça e no que estou me recompondo, rola a parte mais forte do sonho todo.
De repente um rapaz de menos de 20 anos está do meu lado esquerdo. É moreno com profundos olhos negros super brilhantes. Sei lá, do nada me veio que o Dell jovem poderia parecer com ele, pois ele tem algo de árabe.
Tem uma presença muito intensa, irradia algo forte e bom e vivo, muito vivo.
Me olha com alegria e afeto e me diz, num tom muito significativo:
– Você quer gargalhar?
Atrás dele tem um grupo de amigos dele, quase uma gang. Mas nada no mal sentido. Fico muito, mas muito supresa desse rapaz com todo o perfil de frequentador do hostel pudesse achar algum interesse, de qualquer tipo de fosse, na minha deslocada pessoa, mas consigo reagir com naturalidde.
Olho para ele ainda me arrumando e digo:
– Talvez.
Tem uma passagem que não sei se rola antes ou depois dele me perguntar isso.
Ele fala algo que não fica claro mas que minha resposta é:
– Claro, mas deixa eu terminar de me arrumar.
Como se ele tivesse pedido para usar o vaso. Algo bem prático mesmo.
E é o que temos para hoje.