A OPERAÇÃO NA LÚ

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{23 de maio de 2025}

Bem punk e claro, o lance da bactéria que come os genitais dando a storyline…

Entro de carro com minha mãe e minha irmã, que é quase um vulto, mas é ela, no que não sei se existe na vida acordada, que seria um estacionamento dentro do Círculo Militar, ali onde tinha as quadras de tênis.

Estacionamos o carro, descemos e nos dirigimos ao nosso objetivo que seria o seguinte.

A Lú, apesar de estar ali com a gente, também era uma Lú que estaria meio que cativa de uma figura masculina muito poderosa e má.

Explicarei melhor para evitar mal entendidos.

Ele não estava retendo a Lú à força. Não tinha sequestrado ela.

Ela estava meio que sob o domínio mental desse homem, quase como num culto.

Ele tinha completa ascendência sobre ela, mas esse poder mais vinha do fato dela estar extremamente, extremamente fragilizada do que do poder do cara em si.

O sonho não coloca como se esse homem maligno tivesse colocado a Lú nesse estado de fragilidade e sim como se esse estado de fragilidade tivesse feito ela acreditar que ele era a salvação dela. Isso é um ponto muito importante. A Lú acreditava que ele era bom e mais ainda, que ele iria de certa forma, curá-la.

Então esse homem estava meio que se aproveitando disso.

Chegamos nós três numa sala meio que uma das salas laterais ali do clube, onde tinha as aulas de balé, e eu estou bem brava e me sentindo muito capaz de lidar com a situação. Não tenho nenhum medo desse homem.

Ele está ali de jaleco, é alto e fica vago fisicamente, apenas alto e bem apessoado, e fica falando com voz firme as coisas dele.

Eu apenas quero uma coisa: que ele traga a Lú ali.

Eu sinto que, se eu tiver contato com a Lú, minha energia irá fortalecê-la e livrá-la do domínio daquele homem, e essa era a palavra que estava me escapando, domínio.

Fica ali o cara de lenga lenga e eu exijo que ele traga a Lú. Ele não tem como se esquivar disso, mesmo que tente.

Então a Lú é trazida e ela é um espectro.

Não usaria a palavra fantasma, pois fantasma indica que a pessoa morreu. Ali seria algo que perdeu tanto, mas tanto, sua consistência material e viva, que quase, quase é um fantasma, mas ainda está viva. Algo entre os dois estados bem isso.

Ela não tem ou quase não tem consistência física.

E isso dificulta meu plano, que era simplesmente tocá-la fisicamente e trazê-la de volta a vida. Pois quase não tenho o que tocar. No que ela entra na sala, e além de ser um espectro, tem o ar desfalecente, parece alguém que não está totalmente consciente, mesmo que nada indique sedação ou coisa do gênero, mas ela parece prestes a desmaiar e parece claramente sem capacidade de pensar com clareza, Não por demência, mas por fraqueza.

E além disso chama a atenção sua forma física. Está muito bela, de camisola branca antiga, e no que a vejo, penso assim…

– Parece aquela atriz.

Só que mesmo no sonho ela parecendo muito uma atriz conhecida, não existe essa tal atriz. Ela tem pele clara e cabelo negro, como uma Branca de Neve, e lembra a Ana Paula Arósio, mas não seria a Ana Paula Arósio, de quem não gosto, acho ela masculina, tanto que gays gostam dela. Me ocorreu agora que talvez lembre justamente a Branca de Neve do Disney, de quem gosto muito por ser bela e delicada.

A imagem dela está tão incorpórea que fica justamente isso, na condição de imagem, e se gruda na parede como uma projeção e eu tento tocá-la mas… não tenho no que tocar.

Somado a isso, sinto uma súbita...não diria fraqueza, pois estou bem forte, mas limitação. Ontem foi o dia em que fui fazer ultrassom do braço, e mesmo que isso não me ocorra no sonho, encaixa. Pois tenho que usar toda minha força para estender meu braço e tocar a Lú ali na parede, tocar aliás o braço dela, e isso de nada ou quase nada serve, pois o braço dela não tem carne, é uma projeção na parede. Enquanto isso o Homem Maligno mostra com um apontador de sala de aula a operação que pretende realizar na Lú, ao qual ela se submeteu de livre e espontânea, mas não totalmente consciente, vontade.

Ele irá retirar todos os genitais dela. Ó Guias. Que coisa mais macabra.

No lance da bactéria que li ontem, que talvez seja até inventada, a pessoa tinha que operar justamente assim. Aqui não tem coisa de bactéria.

Me sinto perdendo o embate. Meu alcance à Lú está limitado de ambos só lados, tanto do meu quanto do dela. Projeto toda a energia que tenho, que não é pouca, mas a falta de uma conexão física anula esse efeito e a Lú permanece sob domínio desse Homem.

Aí ocorre outra coisa que sai disso. O Homem Maligno traz um balde de plástico que tem exatamente o formato do balde de plástico desse produto anti mofo que pretendo comprar e até mesmo desse Vedacit que comprei pelo mesmíssimio motivo de mofo, que tem sido a questão atual da minha vida, pois tive que jogar fora meus lindos armários novos por causa do mofo. Esses baldes são plásticos e tem um encaixe de tampa bem típico. No sonho ele era maior que na vida acordada e tinha a coisa da cor verde. Não sei se o balde era verde, coisa que nenhum dos da vida acordada é, mas na hora que eu, com meus poderes mentais, derrubo o balde no chão e o entorno, ou melhor, apenas o entorno pois ele já está no chão, sai um líquido verde. O Homem Maligno usava esse líquido de uma forma maligna e iria usar na Lú. Pelo menos isso consigo fazer.

A coisa corta direto para eu, minha mãe e essa segunda Lú meio que fugindo de volta para o carro, pois o Homem Mau iria querer eliminar a gente, já que éramos contra ele e principalmente por isso de eu ter derramado o líquido meio venenoso dele.

Curiosamente não existe tom de derrota nessa fuga, antes pelo contrário.

O fato de nós estarmos conseguindo fugir do Homem Mau constituia uma espécie de vitória, ainda mais quando, por uma passagem meio estreita, já tendo à vista o estacionamento do outro lado com nosso carro, o meio de sair dali, damos com uma espécie de barranco de terra ou algo terroso, da altura de um metro.

A segunda Lú ultrapasse ele com facilidade, e eu ajudo minha mãe, que está relativamente jovem até, a ultrapassar o barranco, segurando sua cintura para que ela sinta firmeza de escalar o barranco.

Mas nós passamos, entramos no carro e saimos do clube.

Isso tem um ar de vitória.

Quando estamos na rua ali na Pedroso de costas para a Rebouças, sentido Pinheiros, olho para trás e vejo um grupo de homens que não necessariamente teriam a ver com o Homem Maligno, mas que estão meio doidos e gritam e balançam coisas na mão e vem vindo na nossa direção.

Não estão nos perseguindo mas não parecem inofensivos.

Minha mãe está parada no sinal.

– Vai, mãe, avança, eu digo.

Ela diz algo sobre o farol fechado.

– Não importa, fura esse sinal, avança.

Aqui tem algo que acho importante esclarecer. O Homem Maligno não era um torturador. Ele mesmo acreditava que o que fazia era o certo, que nem aquele louco que passava remédio para a mulher não menstruar mais e acreditava piamente que isso era bom para elas.

IMAGE CREDITS STEVEN MEISEL | JULIA STEGNER | VOGUE ITALIA DECEMBER 2009

A OPERAÇÃO NA LÚ

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