{5 de junho de 2009}
Nossa, tão estranho e forte esse sonho. É de noite, e há um clima de catástrofe geral. Algo meio calamitoso se abateu meio sobre todo mundo, as pessoas se apressam pela rua, carregando coisas. Não é algo que chegue a ser o fim do mundo, mas algo que mobiliza todas as forças da pessoa para superar.
Estou muito desamparada. Estou sozinha, na rua, não tenho para onde ir, e meu único pertence é o lençol elétrico que minha mãe me emprestou, coisa completamente inútil, já que não tenho tomada disponível.
Está chovendo e fico muito desesperada sem saber onde vou passar aquela noite fria, e por conta dessa castátrofe, estou meio ferida e cansada, sem forças. Tudo me parece tão negro, que largo o lençol elétrico num banco da praça e me ponho a caminhar sem destino.
Então uma coisa meio difícil de descrever acontece. O sonho rebobina. É como se ele chegasse ao fim e eu pensasse: Bom, isso é o que vai acontecer se eu seguir por aí.
Mas de repente me ocorre que as coisas não estão tão negras assim. Eu me lembro que tenho uma casa para onde ir. E “ volto atrás no sonho ”. O sonho tinha acabado, mas é como se eu recebesse uma segunda chance. A primeira coisa que penso é como fui louca de jogar fora o lençol elétrico. Volto correndo para o banco da praça, torcendo para que alguém não tenha pegado, mas com aquela agitação geral e todo mundo meio que tentando se salvar, tem chance de que o lençol esteja lá mesmo.
Eu estava sozinha e cansada, mas tinha sim como me salvar. Aliás, entre tantas pessoas em melhor situação de vida que talvez não tivessem como se salvar, eu tinha. Minha salvação era minha casa, que ficava ao fim de um longo, escuro e desolado caminho. O caminho era longo, escuro e desolado, um caminho que eu ainda por cima tinha que percorrer em solidão, mas ele me levava a uma casa, que se não era maravilhosa, era minha, e ainda tinha a qualidade mais desejável de todas naquele momento: ela era capaz de resistir à tempestade. Nesse momento fica claro que essa tal calamidade era uma tempestade de proporções inéditas, que tinha arrasado casas, e que em breve iria se repetir, mas minha casa, não sei se por sua localidade ou por sua estrutura, tinha resistido à tempestade, e provado ser bem capaz de resistir a outras. Então eu não estava tão mal assim. É com alegria que trilho meu triste caminho sombrio até essa casa tão querida. Entro lá e já me sinto forte e confiante e sei que as medidas que vou tomar terão efeito no sentido se me manter segura e protegida. Então começo a organizar o que tem que ser feito: recolher a roupa do varal e arrumar bem a casa para ela ter todo o necessário para superar a tempestade. Quando estou pegando as roupas, vejo a Lúcia lá embaixo, que também ficou sem abrigo e a chamo para entrar.
Já não estou mais sozinha. Minha casa se tornou um centro de força e proteção.
Acordei com uma sensação muito boa por causa desse sonho.
IMAGE CREDITS YVES DE SAINT LAURENT