A ENERGIA NO MEIO DO MEU CORPO

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{28 de março de 2017}

Então eu, deitada na minha cama, olhava para a cama ao lado, onde estava minha irmã, e num primeiro momento tinha dificuldade de entender o que via, pois eram dois corpos embolotados. Então compreendia.

Eram minha mãe e minha irmã embolotadas. Logo tudo ficava claro. Antes de dormir,minha irmã fazia, junto com minha irmã, uns exercícios de alongamento desse tipo que se faz em dupla, como no colágio, quando uma segura na mão para alongar mais. Só que aqui era uma sobre a outra.

Minha mãe estava numa ponte, aquela posição de ponte, e minha irmã sentada sobre ela numa outra posição meio de yoga, não simplesmente sentada. Não lembro na verdade quem estava por baixo, na posição de ponte, talvez fosse minha irmã,s ó sei que olho e a primeira coisa que penso, quando entendo o que está acontecendo é:

– Nossa, mas ela tem que ser bem forte para agüentar o peso da outra em cima.

Agora escrevendo lembro daquela cena do Drácula, que aliás, eu quase quase usei no desenho da Possuída, em que as duas mulheres vampiras ficam encaixadas uma na outra, quase como se fosse uma única criatura com duas cabeças, em posições acho que de yoga. Só que aqui no sonho, dois elementos estavam totalmente ausentes dessa visão: demônios e sexualidade.

Isso nem me ocorre. Penso mais na dificuldade da coisa mesmo, no esforço físico que exigia.

Pois bem.

Em seguida estou no salão da Gregório onde ocorre outra cena bem impressionante. Estou empenhada numa prática que seria assim:

Estou dançando uma musica animada. O salão está totalmente escuro, de um jeito tenebroso. Há, ali, uma grande massa de energia preta que não toma forma, parece uma nuvem densa de poeira flutuante, assim do tamanho, deixa ver, acho que um metro e pouco de altura por uns 80 cm de largura.

Essa massa negra maligna, pois coisa boa não é, me ataca enquanto estou dançando,e eu repilo seu ataque fazendo acender no meio do meu corpo bem onde terminam as costelas e segue o abdomem, uma espécie de estrela ou foco de luz que tem lá dentro. Essa luz, que é branca, dissolve a massa negra, que se afasta me se reorganiza e volta a atacar.

A parte superior do abdômen não pode entrar para dentro

Céus, céus.

Nem sei chutar.

Estou numa pequena sala de aula de balé, que lembra a pequena sala de aula onde fazia flamenco com a Renata, na aula dada pela Fernanda.

Eu e mais umas 4 moças estamos em fila diante o espelho. Nessa mesma fila está a professora, pulando uma menina a minha direita.

Estamos todas de ponta.

A professora acaba de explicar que, ao fazer o passo no qual ficamos nas duas pontas fazendo “titi”, não lembro se existe um nome para esse passo. É aquilo que as bailarinas fazem de ficar andando na ponta, paradas ou se deslocando, dando minúsculos passinhos nas pontas. Engraçado porquê quase achei que fosse o que eu fazia no violinista, mas não é .

Lá eu andava mesmo.

Aqui não, era parado no lugar.

A professora fala de como se deve manter o abdômem.

Seria como se a gente já tivesse feito um pouco e ela tivesse visto e dito:

– O abdômem não pode ficar assim como vocês estão fazendo, tem que ficar assim.

E mostra.

Eu entendo mais ou menos. Quero entender melhor.

Penso em pedir a ela para imitar como estamos fazendo, porquê muitas vezes essa é a melhor maneira para perceber o erro, pois se ela mostra o certo apenas, muitas vezes a gente olha e parece que é exatamente aquilo que se está fazendo.

Apesar de ter essa clara intenção, na hora que vou falar com ela fico um pouco com vergonha, como se fosse uma coisa muito fora das regras e acabo dizendo:

– Qual seria a forma errada?

Mais ou menos o que eu pretendia dizer, mas o que eu pretendia seria mais preciso, tipo, qual o errado que nós estamos fazendo?

Fico com receio que a pergunta vaga leve a professora a dar uma resposta vaga que não resolve muito, mas para minha surpresa ela capta perfeitamente o que quero dizer.

Então ela curva um pouco a coluna, de modo que um sulco de forma na região entre a base das costelas. Ela faz o movimento com as pontas e diz:

– O errado é quando forma esse sulco aqui. Não pode formar sulco, essa região tem que ficar sem sulco nenhum.

Começamos todas então a praticar. Eu me esforço para manter toda a concentração nessa parte, coisa que é necessária para conseguir isso de “não criar sulco”.

É bem difícil e penso:

– Bom, essa parte do abdômem minha é bem fraca mesmo, tanto que tem aquelas flacidezes.

E isso encerra o sonho.

Lembrei desse sonho em cima agora. Sim, parece o mesmo assunto, com a ressalva de que, ao contrário do que escrevi no sonho, de que essa região não é flácida, é sim, ela é estranha, forma umas coisas estranhas que caem sobre a minha barriga, aliás, lembro da minha colega bailarina quando eu fazia balé no Elza Prado, com 21 anos de idade e tinha coleguinhas de 12, comentando com a amiga dela que essa parte do meu corpo era feia, e é.

Parte do corpo feia é energia feia.

O que tinha esquecido era observação final sobre minha auto previsão do encontro com o homem da minha vida. E ontem foi um dia em que pensei e pensei nisso,então... coincidência não é.

Mas seguindo.

No sonho está bem tranqüilo acionar essa luz, talvez até eu esteja abusando um pouco. Mesmo no sonho tenho consciência de que estou me expondo muito a energias muito destrutivas, aquela escuridão toda, aquela massa negra claramente demoníaca. Mas estou meio audaciosa, coisa que no meu caso nunca deu certo. Não estou exatamente desafiando o demo. O que de fato ocorre é que a sensação física de usar essa energia ali nesse meio do corpo é tão boa e dá tanto alivio, que eu meio que estou deixando de lado o fato de que estou dançando numa sala assombrada, praticamente.

Tem uma coisa que faço, que seria como que fazer dessa energia ali no meio do meu corpo uma base a partir do qual eu giro a parte superior do corpo num pequeno círculo. Aquilo é muito bom, a energia do meio do corpo fica mais nítida ainda dentro de mim. E nem é sexual, é como fazer um alongamento bom mesmo. Estou tão concentrada nisso que meio que “empurro” esse lado meio tenebroso da minha situação para o lado.

E tem outra coisa que estou gostando.

Quando a massa negra vem sobre mim, eu cravo essa energia do meio do corpo e assim protegida, a sensação não é ruim, é como deixar uma onda bater no corpo, uma onda não daquelas fortes que doem, uma onda mais suave.

E numa dessas vezes eu, que estou usando sapatilhas de balé, finco os dois pés em meia ponta no chão de lajotas e a massa negra me arrasta um pouco para trás. Ela é geladinha, e eu sinto meus pés muito firmes no chão e a sensação é boa. Estou dando conta, mas tenho receio de estar minimizando o perigo, já que estou lidando com energias. Isso me passa pela cabeça no próprio sonho.

Então ,num desses deslocamentos ali, noto algo na escada que desce para o salão. Paro de dançar e vou ver.

Ali na penumbra, ou melhor, quase escuridão total, apenas consigo ver que são minha mãe e minha irmã nos degraus da escada, em posições estranhas, mas como eu já vinha do tal exercício bizarro em cima da cama, não é isso que me chama a atenção logo de cara.

O que me chama a atenção é o fato de que elas, que estavam fazendo todo aquele preparatório para dormirem bem, terem saído da cama e descido até ali, desperdiçando todo o esforço.

Digo:

– O quê vocês estão fazendo aqui?

Então noto que não são bem elas.

As duas estão de quatro sobre os degraus, descendo numa lentidão muito grande, mas descendo.

Suas cabeças estão curvadas sobre o chão, ambas de cabelo curto e as cabeças são reduzidas em relação ao tamanho de uma cabeça normal.

As cabeças estão assim do tamanho de um côco. Estão também num formato um pouco mais cilíndrico que uma cabeça normal. Não podia ver seus rostos.

São demônias, percebo. Fico com muito medo. Luto para acordar.

E a sensação final que ficou é que se eu ficar muito corajosa, lidando com massas negras, vou acabar atraindo algo com o qual não posso lutar.

IMAGE CREDITS ANGELO PENNETTA | BONX WALTON | VOGUE UK APEIL 2020

A ENERGIA NO MEIO DO MEU CORPO

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