EU TENHO UM LIVRO POLICIAL

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10min de leitura

{6 de fevereiro de 2020}

São dois mundos diferentes mesmo que habito.

Esse dos sonhos é tão extraordinário que sonhos como o de hoje, que nem foi bombástico, no que acordo me parecem quase dispensáveis e eu mesma começo a ver que se bobear nem irei escrever.A medida que me encontro nesse outro mundo “real” ele é tão sem graça e limitado que a lembrança do que vivi em sonho então adquire sua verdadeira dimensão mágica e eu fico admirada e fascinada por ele.

Queria tanto fazer disso meu trabalho principal mas não estou conseguindo.

E o sonho é sobre esse assinto e aqui se faz necessário sim uma resenha de coisas da “vida real” que claramente tem a ver.

Primeiro:super chaterada com a falta de público para os vídeos do Toutladanse que faço, mesmo que o do Colégio das Vísceras continue aumentando mas tenho a impressão que aquela imagem da capa funciona como clcik bait...

Bem desanimada me parece que já tentei de tudo até a idéia da TV eu fiz.

Isso é uma das coisas. Em paralelo me pego sempre assistindo dois canais que contam “relatos macabros”. Um é o da Jaqueline Guerreiro e outro o desse cara gringo que é meio na linha do Oddie mas que só conta história de serial killer.

Aqui é algo muito difícil de explicar até para mim mesma mas que acho que é a mesma coisa que li num comentário num dos vídeos da Jaqueline: ”é o jeito com que ela conta essas coisas horríveis”.

Por que eu não gosto e nem consigo ver “mundo cão”.

Aqueles vídeos até criativamente bem feitos daquele OKI eu não consigo ver pois deixa um ranço muito deprê. Deprê mesmo e olha que as histórias em si não são sobre assassinos nem nada .Uma das histórias era bem interessante sobre o cara que dominou uma família e a outra sobre o filme dos leões. Será que o fato de eu ver um paralelo na minha vida é que pega?

Ou é isso ou é o que me parece mais que seria o tom de voz e o jeito da pessoa falar.

Tanto a Jaqueline quanto esse “parecido com o Oddie” tem uma voz de “conto de fadas”.

Um tom de voz que eu gosto e que não provoca sentimentos ruins.

Pois bem. Eu fiquei me questionando se seria algo bom ficar assistindo esses vídeos sobre esses assuntos quando comecei a perceber que tinha algo mais me atraindo ali.

São vídeos muito populares. Com uma pegada policial.

Algo nisso se mexia dentro de mim como um peixe que nada fundo. Uma idéia ainda em estado de peixe.

Eu percebi isso claramente como se tivesse algo a ver com meus próprios vídeos, uma idéia que poderia ser aproveitada mas não consigo ver qual.

O quê, o quê?

Fiquei ali parada, triste, desanimada e em parte revoltada, pois não consigo entender porquê algo tão, como disse, fantástico como esses sonhos me é dado sem que nada possa servir como sendo meu trabalho. Algo tão milagroso assim e...aqui nesse mundo parece que não interessa a ninguém a não ser a mim.

E tenho claro super pensado em $$$ pois quero mesmo que essa criatividade toda seja minha fonte de renda e tem o lance do aluguel me pesando se bem que isso é a coisa certa, minha mãe mudar para a Padre.

Enfim, esse é o contexto dos elementos.

Nessa sala muito interessante aliás, com ar de prédio antigo, tudo sob uma luz cinzenta também muito interessante, estou eu, uma outra garota que quase seria a Lú mas não chega a ser e uma mulher que parece ser uma mistura da Telma, a minha ex-amiga da Scipione e aliás, seria uma editora da Editora Scipione, mas em parte ela era a Carla amiga da Lú e eu.

Num primeiro momento eu estou ali de acompanhante da Lú, ou dessa garota quase a Lú.

Como se ela tivesse me levado junto para ir conversar com essa tal editora, que era alguém importante.

Eu até nem estava super prestando atenção na conversa e estava olhando ali as janelas bonitas, etc. Mas aos poucos o assunto começa a se impor.

A situação seria a seguinte e o sonho todo foi super nítido.

A Quase-a-Lú teria mostrado a essa Mulher-editora o manuscrito de um livro que ela havia escrito. A mulher-editora era exatamente isso, a pessoa da editora que lê manuscritos e decide o que será impresso.

Ali na minha frente a Mulher-editora recusa o manuscrito da Quase-Lú.

Fala profissionalmente, sem chegar a ser nem simpática nem dura.

Apenas explica que o livro não está dentro da área de interesse dela. E então acho que devido a perguntas da Quase-Lú a Mulher-editora começa a explicar o que estaria dentro da zona de interesse dela: um livro policial.

É a partir desse ponto que o assunto começa a ganhar minha atenção devido ao simples fato da Mulher-editora dizer claramente que se o livro da Quase-Lú fosse um livro policial escrito de forma competente, (ela nem exigia que fosse algo bombástico, apenas decentemente bem escrito) o interesse da editora por esse tipo de material naquele momento era tão grande, que com 100%de certeza seria publicado.

O que me ganha é essa garantia.

Pois mesmo no sonho tenho consciência do quanto estou desgastada com essa coisa de que faço muita coisa, faço bem feito, mas resultado nenhum.

Resultado no sentido de algo que se torne mais que um hobbie para mim mesma.

E ali estava essa mulher importante me garantindo que publicaria qualquer livro policial que não fosse uma porcaria total. Ou seja, eu tinha diante de mim uma situação na qual encontrava o que estava sendo mais difícil encontrar, que seria algo que eu poderia fazer com certeza 100% de que passaria de “um simples hobbie meu”.

Não estou conseguindo explicar da melhor forma, mas é minha situação atual.

Não quero ser ingrata pois houve sim tempo, e nem foi há muito tempo, no qual eu meio que não conseguia nem criar.

Agora consigo e não sei se é ingratidão minha, pode até ser que seja, mas tudo permanece nesse estado de hobbie, sendo que me sinto pressionada a ...nem sei explicar direito.

Não quero ser uma pessoa que vive de renda que veio da família, complementada pela minha mãe e que se dedica a hobbies, nem seria por vaidade mas por ver o valor enorme dessa criatividade toda e não querer que ela seja algo “mantido” .Não é possível que algo tão maravilhoso e bom não tenha poder nesse mundo,guias. Tem que ser algo, como disse Saint Germain.auto-sustentado.

Fico revoltada pensando nisso.

Vamos retornar.

Sei que estou errada, guias, mas esses são os sentimentos no momento e tenho que ser honesta quanto a isso.

Mas enfim.

Aqui algo sai um pouco dessa pureza de intenções ou não.

Não sei dizer. O sonho não mostra como um desvio ou um ato “interesseiro”.

O que ecoa é aquele “algo” que eu descrevi como sendo “um peixe nadando lá no fundo”. Algo me atraindo.

Não um esquema mental para ter sucesso, mas aquela já conhecida sensação de “algo” que é o que me guia normalmente.

Sem que decida conscientemente, me vejo falando com essa mulher assim:

– Eu tenho um livro policial, então você publicaria?

Aqui tem algo que apenas agora percebo que ficou bem confuso.

Eu digo isso. Não é verdade e no sonho no que estou concluindo a frase penso assim:

– Mas o que estou dizendo? Não é verdade, não tenho nenhum livro policial.

Mas tenho sentimentos ligados a isso. Agatha Christie, esse algo que senti recentemente sobre os vídeos policiais que falei...então fica uma espécie de conversa interna entre o que eu estou dizendo e o que eu penso por dentro e essa é a parte confusa pois tem uma hora não tenho certeza se chego a dizer para a mulher :

– O livro está em fragmentos.

Ou se eu penso isso em resposta aos meus próprios questionamentos internos sendo que mesmo isso não é verdade.

É muito bizarro isso.

Essas duas coisas que afirmo, seja para a Mulher seja para mim mesma, não são

verdade...pelo menos naquele momento.

Mesmo não sendo a verdade naquele momento o que eu sinto é que poderiam ser em breve.

Porisso não me sinto mentindo.

Outra coisa que sinto é que de vez em quando eu tomo atitudes, isso na vida real, eu me vejo falando umas coisas que não tinha chegado a super decidir que faria. Não mentiras, mas tipo propostas de trabalho ou de ação e vem desse lugar que meio que toma decisões sozinha.

Mas enfim, tudo isso para dizer que esse lance todo de ter um livro policial escrito mesmo não sendo verdade não fica colocado no sonho como mentira.

Um livro policial que estaria em fragmentos então meu trabalho seria juntar tudo, o que é bem diferente de começar do zero, levar para essa Mulher-editora, ao qual já tenho acesso e pronto, resultado garantido.

Essa situação encerra aí e entra a segunda parte.

Há uma espécie de conjunto habitacional formado de quartos.

Não kits, quartos mesmo.

É algo de baixa renda mas bem legal.

Não fica algo deprê.

O lugar todo tem um chão de assalho, ou seja, de tábuas de verdade e não piso vinílico, com uma pátina branca muito legal aliás.

Eu teria um quarto ali no qual vinha morando.

Outra coisa marcante sobre esse lugar que era algo bem desse jeito bizarro-interessante é que essa edificação, que não se configurava como um prédio padrão, era um labirinto de corredores com os tais quartos.

Um labirinto mesmo, algo que só morando lá a pessoa aprendia os caminhos.

Então inicia com a seguinte coisa.

Eu morava nesse lugar tudo indica que com a minha família.

Não no mesmo quarto, mas na mesma edificação.

E então minha família resolvia partir.

E eu partiria junto. Não fica nenhum sentimento nem bom nem ruim em relação a essa partida desse local.

Eu estou ali na frente do prédio e observo minha família, que se constitue da minha mãe e meus dois irmãos, ao que parece meu pai não consta, se afastando pela rua e a única coisa que sutilmente pode ser que contenha uma mensagem é uma espécie de sensação de “falsa emergência”.

Tentarei explicar.

No que vejo minha família indo ali pela rua, minha vontade é ir com eles mas se cria um impasse a respeito da minha bolsa.

Acordei nervosa por causa desse ponto, já que se tem um elemento que já está decodificado é que bolsa significa dinheiro.

Pois bem.

No que eu os vejo indo, digo para mim mesma que não posso ir com eles pois estou sem minha bolsa.

Isso que figo a mim mesma não é super verdade por dois pontos.

Primeiro que sinto que existe muita, mas muita chance de eles terem pegado minha bolsa e terem se posto a caminho para ir adiantando, na certeza de que eu os alcançaria. Isso na verdade é totalmente possível já que estão a distância de uma pequena corrida.

Eu até penso em correr até lá para checar se eles estão com a bolsa e caso não estivessem, poderia pedir para me esperar, mas inexplicavelemente não faço isso e resolvo,sim, resolvo agir como se isso fosse impossível mesmo ciente de que não é.

Eu grito chamando por eles, isso sim coisa que sei ser inútil.

Então resolvo ir no meu quarto procurar minha bolsa e isso tudo é que cria um problema que na verdade não estava criado até então, pois não encontro a bolsa e sei que minha família vai se afastar cada vez mais e aí sim se perder de mim.

Mesmo bem ciente de tudo isso, eu entro novamente no prédio pois estou achando que devo ter deixado a bolsa no quarto.

Só tem duas coisas que eu penso com sinceridade nesse sonho:

 A primeira é que teria bastante probabilidade da minha família ter se encarregado de levar minha bolsa por saber que era importante.

A segunda é que caso isso não tivesse ocorrido, o mais provável é que a bolsa ainda estivesse no meu quarto, que mesmo já tendo sido desocupado como quarto de hotel, o lugar ali era muito honesto e não teriam pegado minha bolsa.

Esses dois pensamentos eram sinceros, mas o pensamento de que o que eu devia fazer era ir atrás da bolsa não era. Eu estava percebendo que a melhor idéia seria dar uma corridinha, alcançar minha família, ver se estavam com minha bolsa e caso não estivesse, pedir que esperassem. Mas eu não faço isso acho que por preguiça de dar essa corridinha. Então resolvo agir como se a melhor idéia fosse ir atrás da bolsa no quarto, coisa que que achava com menos probabilidade de ocorrer e com isso criar um problema bem maior, que seria me desencontrar da minha família, um problema que eu estava adiando como solucionar.

Ou seja, uma coisa criada por falta de sinceridade comigo mesma.

Começo então a ir para o meu quarto me sentido tomada de um nervoso um pouco acima do justificável

– Cadê minha bolsa, cadê minha bolsa? repito para mim mesma.

Num primeiro momento esse “injustificável” fica por conta do meu quarto estar ali do lado e de ser bem rápido checar se a bolsa estava lá.

Mas então algo que não espero começa a se configurar e eu até custo a acreditar que esteja ocorrendo mesmo: não sei mais o caminho do meu quarto.

Tento um caminho e não encontro. Aí acho que devo ter passado nervosa pelo corredor e virado errado.

Refaço o caminho viro para o outro lado e novamente vou parar num corredor que não era o do meu quarto.

Então uma verdadeira dificuldade começa a ser colocada. Pois não consigo achar mais meu quarto. Refaço ali o percurso e finalmente percebo que é fato, não consigo mais achar meu quarto. Até em parte tenho consciência de estar num sonho. Meu quarto sumiu, mas ainda posso encontrá-lo, sei lá.

Agora estou aflita de fato e peço ajuda para um dos moradores ali, um cara bem humilde mas com um ar bondoso.

Minha bolsa era essa de plástico PB que tenho usado, por sinal uma bolsa que minha mãe me deu.

IMAGE CREDITS MICHAEL AVEDON | HARPER'S BAZAAR NOVEMBER 2017

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