{12 de dezembro de 2007}
Tive esse sonho ontem e na verdade fiquei bem irritada com ele, mesmo assim, acho bem profundo e que tenho que escrever.
Eu estava deitada sobre uma cama, ou um chão, e escrevia poesias num caderno. Só de relatar já começa me irritar de novo, porque poesias me irritam. Gosto de escrever, mas não me vejo como poeta e a idéia me irrita, não sei porque, apesar de que no curta do carteiro a parte poética que eu escrevi escrevi super bem, e foi bom, coloquei umas coisas para fora, e todo mundo elogiou. Mas voltando. Há uma noção de que fui conduzida à aquilo, por um espírito que sempre esteve lá, mas naquele momento se manifesta de forma mais clara. Há um homem ao meu lado, que é visto de forma real, mas sem que eu tenha pensando no assunto no sonho, agora, acordada, me parece que ele é um espírito. No sonho, não pensei nisso. O que eu pensei sobre esse homem-espírito, é que ele me irritava por ser uma presença assexuada. Era até um homem interessante, e tinha uma presença forte e muito, muito bondosa comigo, e uma energia protetora, muito voltada para mim, interessada em mim e em cuidar de mim, mas não havia sentimentos sexuais, e isso me incomodava, se bem que não sei dizer exatamente se não havia sentimentos sexuais da parte dele ou da minha parte. Talvez fosse da minha, eu é que tinha desatração por ele. A única coisa que dá para dizer com certeza, é que da parte dele só havia sentimentos positivos por mim, e eu é que estava meio irritada com ele, por que “ preferia que fosse outro homem”.
É bem isso, havia uma sensação nítida que eu preferia que fosse outro homem e não ele. Então nem importava muito o que sentia por ele, porque não queria que fosse ele ali, queria outro.
Bem, esse homem queria me incentivar a escrever poesias. Ele tinha grande admiração e carinho pelo meu talento, e queria me incentivar. Estou debruçada sobre um caderno e é como se nunca tivesse escrito outra coisa a não ser poesia, nem penso em roteiros. O que estou fazendo é treinando a mergulhar bem lá no fundo de mim e pegar o que encontrar, sem pensar, e trazer para cima, e quanto mais eu deixo esse processo ser inconsciente e livre de interferências racionais, melhor eu escrevo. O homem–espírito ao meu lado fica muito contente e orgulhoso do que eu escrevo, mas eu percebo que, para escrever bem, devo ignorá-lo, e não cair na tentação de escrever para receber a aprovação dele ou elogios. E apesar de meio irritada com tudo aquilo, estou fazendo de coração e procurando dar o melhor de mim, então me concentro para deixar o espírito de lado, e me concentrar mais e mais na minha arte.
É isso, a minha arte. Existe uma noção de que aquela é a minha arte, e nesse momento, eu me entrego a uma relação plena e total com ela.
IMAGE CREDITS PETER LINDBERGH | DAFNE GROENEVELD | NUMÉRO #126