MAÇÃ, O FRUTO PROIBIDO

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{8 de dezembro de 2022}

Havia uma espécie de conjunto habitacional situado em ruas super familiares que pareciam misturara Gassipós e Pinheiros e Gregório. Não existem na vida real.

Eu havia estado ali uma vez com o proprietário, que eu conhecia de longe por razões de trabalho.

Ele tinha um pequeno conjunto comercial, uma sala comercial, nesse conjunto.

Não seria um apartamento e sim uma sala comercial.

E desde então havia, meio sem pensar até, eu havia começado a frequentar a sala na ausência dele. Eu tinha uma cópia da chave. Ele nunca ia.

A sala estava mais ou menos vazia, Eu levava minhas coisas e todos os dias realizava ali uma espécie de rotina que tinha mais a ver com a prática da dança do ventre do que trabalho criativo. Tudo era feito de maneira muito metódica e organizada, no bom sentido até. Eu ficava ali cerca de 3-4 horas.

Tinha uma certa preocupação de ser vista, pois o que estava fazendo não chegava a constituir uma invasão, mas não era meu direito. Mas isso era bem pouco.

A coisa até esse momento tem uma ar até tranquilo e bom.

Então aqui embaralha um pouco pois então essa atividade que faço nessa sala passa a ter muita gente, como uma sala de aula de dança.

Há a figura de um professor, que não seria de dança, jovem, moreno e atraente. Ele frequenta a sala também. 

E isso se repete vários dias e eu, junto com outras garotas, fico com uma roupa de dança do ventre acho, de barriga de fora, fazendo exatamente a prática que faço aqui.

Minha posição na sala é meio mais para o canto, pois não sou das primeiras da classe. Então o que sinto é que de maneira totalmente passiva, apenas com os movimentos de dança do ventre, é o que tenho para atrair o que desejo que seriam as atenções desse professor.

Essa parte do sonho não tem um clima super bom.

Então, de maneira surreal de sonho, mesmo assim a ativividade ali continua sendo algo que realizo sozinha. E tem então uma ocasião que a minha organização de tempo desanda um pouco e passei mais tempo ali do que de costume e não fica claro a razão, começo a ficar mais preocupada em ser descoberto do que de costume. Nada de super horrível iria acontecer se eu fosse pega, apenas uma situação desagradável. Para completar, ou até mesmo causando isso, tem o fato de que a tranca da porta, que até então era super segura, não tranca mais a porta e ela está sempre entreaberta.

Então começo a juntar minhas coisas todas para sari dali sem deixar rastro e tem algo nisso pois minhas coisas estão tantas que mal consigo juntar tudo. Antes eram poucas e organizadas coisas, agora está coisa demais.

Mas faço o melhor que posso e saio.

Então, se me lembro direito, no dia seguinte, na hora de sempre, me dirijo para esse lugar, carregando as coisas de sempre. Tenho que subir umas ruas meio ladeiras que lembram a Gassipós ali, pois a rua subia.

As ruas são meio de terra. No que vou me aproximando do conjunto, está chovendo mas eu tenho um bom guarda chuva, ao contrário do sonho recente no qual eu pegava chuva.

E então a seguinte coisa começa a se passar na minha cabeça. Penso assim:

– Mas porquê ficar indo ali fazer uma prática apenas com a ilus

Ai meu Deus. Até interrompi a frase pois me veio a lembrança num flash,

Ou eu ou a menina loira chamava Esperança.

Tem uma parte na qual escrevo meu próprio nome num formulário ou sei lá, e minha letra está irregular, naquele filme o personagem olhava a letra do tio do cara na carta falando da Raquel, my torment, e comentava que não era a letra de alguém em bom estado mental. Minha letra estava meio parecida, mas eu escrevia meu nome e meu nome era Esperança.

Não sei em que momento isso rolava.

Mas o que pode ser mais forte que isso?

Mas retomando. Eu penso comigo assim:

– Tudo isso por causa de uma esperança vã de receber atenção masculina desse professor. Não vale a pena.

Então eu desisto racionalmente de fazer a prática e volto pelo caminho pelo qual vim. Um pouco antes de eu me virar para voltar, cruzo na rua com a menina loira que essa sim, recebia muita atenção do professor e era linda.

Ela tem cabelo loiro meio que curto, Está sem guarda chuva. Vem encolhida e encharcada até os ossos. Me passa pela cabeça que eu podia oferecer carona no meu guarda chuva mas tenho tanta coisa na cabeça que não consigo reagir rápido. E mesmo porquê estamos andando em direção contrária.

Mas então depois que eu me viro e volto pelo caminho de terra pelo qual vim, naquele estado meio triste de quando tomo alguma decisão racional que na verdade não queria tomar, coisa, aliás, devo dizer, que não me parece que eu faça na “vida real” aliás muito pelo contrário, de repente retoma a situação da sala de aula cheia. Estou ali com minhas colegas me arrumando para ir embora, como se fosse final de aula de dança do ventre mesmo, e contrariando todas as probabilidades, o professor se aproxima e vem falar direto comigo e rola um diálogo sensacional, pois o assunto seria…maçãs.

Ele fala algo sobre maçãs, eu respondo, e ele então, me olhando com muita intensidade, comenta algo sobre maçã ser o fruto proibido do Paraíso.

E isso fecha o sonho.

Não me parece um sonho tão ruim agora que escrevi.

IMAGE CREDITS WILLIAM LORDS | DANIELA BRAGA | HARPER'S BAZAAR US OCTOBER 2017

MAÇÃ, O FRUTO PROIBIDO

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