EU SOU FEINHA

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{8 de novembro de 2025}

Fico feliz de ter sonhos densos e intensos como esse, mesmo sendo meio desagradáveis. São três momentos cada um com sua storyline, claramente compondo um todo. Acho que a primeira parte é sobre a fantasia da Lú. A Lú ia sair em alguma coisa de rua que era fantasiada, ou carnaval ou halloween, que esse ano acho que pela primeira vez teve ou pela primeira vez eu reparei em pessoas fantasiadas de Halloween na rua. A Lú estava um pouco maior de estatura que todos nós, sua família, eu, minha mãe, meu pai e super vago o João, que a rodeavamos, todos nós rindo e num clima de euforia que super, mas super sutilmente fica meio destoante no sonho pois o que de fato estava ocorrendo não era nada de super legal e um dos pontos do sonho, ou desse segmento, era justamente o fato de eu finalmente entender do que se tratava a fantasia da Lú.

A Lú, alta e ombruda como um homem, estava com uma peruca alaranjada desgrenhada, uma minissaia, uma bolsinha, sandália de plataforma alta e tinha coberto a frente do corpo com uma frente única feita de fita adesiva bege dessas de fechar caixa, deixando seu peito totalmente liso. Eu, que estava rindo e animada como todos ali, tinha a seguinte incumbência, acho que por ser a mais jeitosa com as mãos: ali comigo numa travessinha estavam dois bicos de seio falsos, feitos de látex. Eu tinha que colar aquilo sobre esse peito falso da Lú, no lugar onde seria o bico do seio. Eu estou pouco à vontade com a tarefa, que me parece meio sexual, e percebo agora que isso de seio, de bico do seio exposto, e aliás é isso que me incomoda na tarefa, parece que estou expondo o seio da Lú, mas esse elemento do seio exposto aparece no outro segmento, então temos aí a mensagem. No que estou ali cumprindo mesmo pouco à vontade, algo fica claro de repente e esse algo me tranquiliza um pouco. Eu entendo a fantasia da Lú. Ela estava fantasiada de travesti, aliás, na vida acordada um idéia criativa. E isso me tranquiliza em relação a isso de estar expondo um seio feminino, ainda mais da minha irmã. Aquele não era um peito de mulher e sim um peito masculino, super normal de ficar exposto. Então procuro colar ali os falsos bicos de peito de látex, o que é um pouco difícil pelo lado prático e o último pensamento que tenho nesse segmento é o quanto o corpo verdadeiro da Lú, que é extremamente feminino e cheio de curvas, inclusive com muito busto, tinha ficado oculto de uma forma insuspeita debaixo daquele corpete fantasia de travesti.

E então o outro segmento. Eu tenho, ou melhor, quero, fazer um vestido qpao para mostrar para umas figuras femininas que são autoridades de moda, de uma maneira impossível de explicar pelos padrões da vida acordada. Não é como elas fossem O Diabo veste Prada. Seria mais como se fossem Guias Espirituais e no sonho mesmo sem pensar nisso eu sentisse isso. Isso de fazer o vestido Qpao, que inclusive na vida acordada eu já comecei o molde, já veio em outro sonho e mesmo ciente de que os símbolos do sonho não devem ser levados ao pé da letra, é melhor eu fazer sim esse vestido. Estou empenhada nisso e conto com a ajuda de uma garota que é um elemento clássico nos meus sonhos, a garota jovem, bonita sem ser bela, meio morena, sorridente, de cabelo escuro preso num rabo de cavalo. Eu alinhavei o tecido a partir do molde riscado por mim e com cuidado o visto para ver se deu certo e o alinhavo cede e abre na lateral bem na altura da minha costela.

E então essa super louca imagem.

Eu tenho que fechar o alinhavo, para, vestindo o vestido ainda alinhavado, ir mostrar para as tais Guias ou seja o que for.

Para isso eu me coloco de frente para um espelho de corpo inteiro, que não lembra o meu aqui da kit e não lembro bem qual o sentido prático disso, como isso me ajudaria a fechar o vestido, mas o que vejo no espelho é que o corpo. Ou melhor, o tordo da garota minha ajudante está fundido no meu, como se o torso nu dela, com seus seios expostos, estivesse brotando justamente dessa lateral da minha costela onde o alinhavo cedeu.

Eu também estou com pelo menos um seio exposto.

Apesar dessa coisa parecer algo repulsivo pela descrição, no sonho não tem esse tom. A menina está sorridente e alegre como sempre e eu também.

Mas essa bizarra fusão, ou melhor, parecia que a menina estava saindo do meu corpo, quase como aquele Substance, encerra esse segmento e na sequência temos o segmento que deu nome ao sonho.

Estou eu e a Lú na frente da TV e assistimos um filme com aquela atriz judia do Perfect Pinch… vou ver o nome dela. Anna Kendrick.

Nesse filme ou seriado a Anna, que aliás fisicamente lembra eu sim, fazia uma personagem que tirava sarro do que ela considerava a própria feiúra.

A Anna Kendrixk não é bonita mas não chega a ser alguém que poderia ser definida como feia.

Mas ela, de frente para a câmera, dizia em tom de com´dia:

– Eu sou feinha, eu sou feinha.

Eu e a Lú ríamos como se fosse a coisa mais engraçada do mundo, coisa que não era.

Não era. No sonho eu chego a ter uma super, quase inconsciente noção disso.

Não era rir da tragédia alheia porquê, em primeiro lugar, a Anna, como disse, não é feia. Pode não ser modelo de beleza, mas não é feia. E em segundo, a cena tinha tom leve e não trágico. Mas eu, a eu em segundo plano, não gostava de nada daquilo. Não gostava da Anna Kendrick estar optando por zoar da própria aparência, pois agora me dou conta, o filme ou seriado era obra dela, aliás, normalmente são, ela é diretora, e muito menos gostava de eu e a Lú rindo daquele jeito, eu cutucando a Lú e apontando para a Anna meio que dizendo: Olha o que ela está dizendo, que super engraçado.

Mas não era.


EU SOU FEINHA

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