ELE ESTÁ TÃO ACOSTUMADO A DECEPCIONAR AS PESSOAS

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6min de leitura

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Longo como há muito tempo.

Numa espécie de páteo ou frente de colégio, as pessoas que vão participar de uma espécie de rally se reúnem de noite. Isso de ser um rally me ocorreu agora, no sonho, era uma coisa meio indisitinta, que parecia um trabalho. O ponto é que, apesar de ser uma das participantes, tenho um outor motivo, completamente pessoal para esta ali. Há um tempo atrás descobri, com uns amigos, um caminho que entra dentro de uma caverna, e vai dar junto a um lago subterrâneo. Entrando-se com o carro dentro do lago, e indo em frente, sem medo, chega-se num outro lugar do outro lado, simplesmente deslumbrante. Quero muito ir de novo para lá, e é porisso que participo do rally. Pedi emprestado a pick up da minha irmã, que não é luxuosa como na vida real, mas sim uma pick up velhinha, azul escura, mas forte e resistente.

De dia eu estava estacionada dentro dela na frente desse mesmo colégio, fiz coisas, fui prá lá e prá cá. Aí deixei a pick up estacionada lá mesmo e agora, de noite, quando todos os participantes estão se reunindo para a largada do rally, volto para a minha pick up. Na verdade estou meio insegura, porque não lembro direito qual é meu carro, mas aí lembro das atividades do dia, lembro de ter reparado que a pick up era azul e velhinha, e só tinha dois assentos, e então procuro um carro assim ali, localizo, tento abrir com minha chave e como consigo, vejo que está tudo certo mesmo. Uma garota vem pedir para ir comigo. Eu aceito, contente de ter companhia, e meio que já conheço essa garota. O organizador do rally, que é meio um publicitário,está falando aquelas coias que ele fala sempre antes de cada nova largada, meio que nem a Tyra Banks fica falando dos jurados e prêmios do Top Model. Mas eu nem escuto, porque não estou ali nem pelos prêmios, nem por nada, quero apenas conseguir chegar a aquele lugar maravilhoso dentro da caverna. Eu meio que começo falar isso com a menina, se bem que é difícil convencer os outros de que existe esse lugar tão maravilhoso que nunca ninguém ouviu falar.

Mas então temos que mudar o carro de lugar e vamos estacionar numa rua meio em declive, bem ao lado de umas mesinhas de um barzinho de rua, como a largada do rally é na rua, sempre há um ajuntamento que comparece para assistir. Ao lado do carro, há um pequeno barzinho, de uma porta só, com uma mesinha só em frente, e nela estão sentados dois amigos, que são os dois personagens do meu roteiro que não consigo terminar: o SENHOR DE PORTE MILITAR e o AMIGO DE MOLETON.

Muito louco isso. O amigo de moleton se comporta como uma espécie de wingman para o senhor de porte militar. Só há uns dias fiquei sabendo disso de wing man, que é o cara que, profissionalmente ou por amizade, vai dar uma força para o outro cara se aproximar de garotas. Ali, os dois são de mais idade, quase 50, mesmo assim existe uma ligeira coisa de o amigo de moleton estar incentivando o senhor de porte militar a falar comigo. Porque ele puxa papo comigo. Não lembro o assunto. Não é uma cantada, é um papo mesmo.

Eu a princípio não acho nada de ruim dele, nem nada de bom também. Estou totalmente tomada pelo lance de conseguir chegar na caverna e passar por debaixo dágua, até chegar no lugar mágico. Então eu respondo meio simpaticamente, mas dou partida no carro e vou embora. Me espanto um pouco com minha atitude rude, porque conscientemente, minha ntenção até era ser simpática e conversar um pouco com o senhor de porte militar. E eu até olho para trás, quando estou me afastando, e vejo a minha própria pick up ainda estacionada lá, com eu dentro, e penso, me sossegando, que eu fiquei lá e conversei com ele.

Mas então começa a parte mais impressionante do sonho. A garota que estava comigo se revela ser a Melissa, amiga tatuada da Lu. É a segunda vez que uma Melissa aparece como interveniente num sonho meu. A primeira era a governanta sinistra, mas que trazia comida para mim. Essa não era a Melissa da Lu, apesar do nome. Essa agora era, não sei se porque andei pensando nela porque andei pensando em fazer uma tatuagem porque minha barriga está ficando bonita. Bem, de repente é bem ela que era a menina comigo. Temos que estacionar o carro num lugar e ir a pé. Ela começa perguntando porque eu não fiquei conversando com o Senhor de Porte Militar, um pouquinho que fosse. Eu respondo, meio culpada, que achei que tinha ficado, inclusive olhei para trás e me vi no carro, conversando com ele. Mas no fundo digo para mim mesma: tá vendo, não fiquei conversando não, tanto que a Melissa está me dizendo isso. Isso que eu vi deve ter sido só uma miragem da minha culpa, ou uma ilusão que eu inventei, para poder ir embora perseguir a caverna. Me vi ali, fazendo a coisa certa, e me autorizei a dar o fora. Mas tudo ilusão. Na verdade deixei o senhor falando sozinho, praticamente.

Aí digo para ela, com sinceridade: você acha que eu deveria ter ficado?

No sentido que talvez não fosse nem tão importante assim, era só um papinho de bar.

E ela responde:

- Teria sido bom. Ele está tão acostumado a decepcionar as pessoas, teria

sido bom para ele conseguir algo diferente uma vez que fosse.

E aquilo me atinge tanto, que pela primeira vez esqueço a caverna. Fico morrendo de dó do senhor de porte militar, e penso confusamente se há jeito de remediar a situação, e quero falar mais com a Melissa sobre isso, mas ela se adiantou na ladeira, ou eu atrasei o passo pensando nisso, e ela está bem mais em cima, eu grito, chamando-a, mas ela não ouve, de modo que eu aperto o passo para alcançá-la.



Bem, comentários pessoais, que sempre que eu leio depois acho nada a ver.

Não sei o que esse sonho quer dizer, a não ser talvez pela caverna mágica, que me parece muito eu tentando escrever um bom roteiro, e voltar para “ aquele lugar maravilhoso” que eu me sinto,quando escrevo uma coisa boa.

O fato de o João não ter respondido, tudo indicando que maaaais uma vez meu roteiro não está bom, me deixou muito triste, muito mesmo. Eu é que me sinto que nem o senhor de porte militar, mais uma vez tentando abordar as mocinhas, sem nunca conseguir um resultado diferente, e tristemente acostumado a isso.

Quando eu pensei que só me restava escrever o roteiro de novo, pensei que vida é essa, onde estou tão acostumada a perder, e perder, e não conseguir.

Agora, também é louco isso de uma figura meio que me “ dando uns toques” nos sonhos. Antes do niver, sonhei com a Sarah Jessica Parker me dizendo que eu tinha que dar pelo menos uma baladinha, não podia não fazer nada no niver. Quando acordei, pensei desanimada que não tinha jeito, mas quando a oportunidade se insinuou, por causa do comentário do Edu, eu fui em frente, em parte por causa do sonho. Agora, nesse sonho aqui, é mais confuso, porque a Melissa está me dando um toque, de algo que não sei o que significa na vida real. Na vida real, me dispus a escrever o roteiro abnegadamente mais uma vez, mas me sinto na posição do Senhor de Porte Militar, que se dispõe mais uma vez a decepcionar.

Na verdade tudo indica que tem a ver mesmo, porque o que acabei pensando é que devo estar decepcionando o João, que com certeza esperava alguma coisa boa, mas eu só apareço com roteiros de jerico.

Eu queria estar na posição que estou no sonho, da pessoa que tem a condição de fazer a diferença. Eu poderia ter ficado conversando com o senhor de porte militar, e mesmo no sonho fico pensando em voltar lá e remediar a situação, seria bem possível.Mas na vida real justamente o que me dói é que não me sinto na posição de fazer a diferença.



ELE ESTÁ TÃO ACOSTUMADO A DECEPCIONAR AS PESSOAS

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