{28 de dezembro de 2025}
Foi um sonho longo, bem desinteressante, mas veio e ficou com uma tal nitidez e riqueza de detalhe que me pergunto como avaliar esse tipo de sonho, longo, desinteressante mas tão claro omo se eu estivesse lendo um livro. Na rua em frente a Gregório, vivo a seguinte situação. Tenho um lance com o Don Draper ou o John Hamm. Não fica colocado se seria o ator ou o personagem, mas já reparei que o John Hann só faz um único personagem, o Don Draper, então meio que dá na mesma. Meu lance com ele seria mais que um flerte e menos que um casamento. Existe uma relação, não é imaginação minha. Don Draper deixou sua pilha de ferramentas no meio da rua, no meio do asfalto. Ele sai da Gregório e mesmo estando eu no meio da rua perto da pilha de ferramentas, ele acintosamente evita me olhar e entra no carro e parte. Aquilo me machuca muito. Decido que não vou tolerar. Vou embora. Quando ele voltar, não vai me encontrar aqui e aí sim vai sentir minha falta. Mas antes pego todas as ferramentas dele e levo para o hall da casa. Isso é o que eu faria de qualquer maneira, mas estou fazendo mais ainda porquê quero que ele veja a mulher maravilhosa que perdeu, uma mulher que se importa e cuida das coisas dele, como o video do insta que vi ontem do homem barbudo falava, uma mulher que gosta de passar as roupas do marido. Eu jamais poderia viver em função de um homem unicamente, como em geral esses videos descrevem. Feito isso fico pensando para onde ir, mas como muitas vezes em sonho ocorreu, estou morando numa outra casa mas tenho minha casa vazia para onde ir. No caso penso, quase como se tivesse me esquecido, que tenho minha kit vazia e arrumadinha e posso ir para lá. No sonho é essa minha kit, mas seria em Pinheiros. Tenho a chave comigo. Tudo resolvido.
Então corta direto para a seguinte cena.
Estou num ônibus indo para uma cidade praiana onde combinei de me encontrar com o Gabs e o amigo dele para irmos a praia. Viajo de pé perto do motorista, para não perder o ponto de descer e o motorista enquanto dirige me explica como chegar na praia. É algo comprido e complexo, essa praia não era de fácil acesso e eu sei que não vou conseguir guardar essa explicação inteira, então procuro reter o que posso, que poderia ser resumido na seguinte coisa: que a praia não era de fácil acesso. É isso que pretendo dizer ao Gabs assim que me encontrar com ele. Logo isso ocorre, num estacionamento acho que dos ônibus mesmo. O Gabs não é exatamente o Gabs fa vida acordada e o amigo dele lembra muito remotamente o Nando, esse menino que ajudou o Philip dessa última vez. Mas ele fica o tempo todo indistinto.
O tempo está cinzento e meio escuro. Eu e eles carregamos nossas mochilas. Quando o encontro, digo a ele que o motorista me explicou como chegar na praia e que é bem complicado. Essa informação altera nossos planos no sentido de que ir na praia iria exigir uma preparação maior do que a princípio tinhamos calculado. Eu acho que talvez seja por causa disso que resolvo que o melhor a fazer seria ir para minha casa. Aqui é muito louco e é esse tipo de construção onírica que sempre parece confirmar que sonhos não são um ajuntamento aleatório de coisas. Ir para minha casa seria algo que surge devido a esse imprevisto da praia ser de acesso difícil. Se não, talvez fossemos direto para ela. Essa minha casa seria uma casa que eu teria ai nessa cidade praiana, mas que sem lógica nenhuma, seria uma casa na qual eu estaria morando e sobre a qual nada sabia. De certa forma existe um paralelo com o fato de que a cada dia se acorda na mesma vida que vinha se tendo, mas não é a mesma. A pessoa é diferente, nem digo idade, a pessoa é diferente energeticamente, então as coisas serão diferentes. Quando estou indo em direção a essa minha casa, na qual eu já estaria morando e vivendo, não seria como a kit vazia a minha espera, seria uma vida que eu já tinha mas não sabia como era a não ser a não ser por uma vaga concepção, na verdade uma certeza secreta de que ela envolvia o Don Draper. Uma certeza de que ali, na casa para onde me dirijo com meus amigos, encontraria a minha espera o Don Draper, com o qual eu estaria vivendo nessa casa como um casal. Sei o que isso simboliza. Então, tendo toda essa expectativa, chego no condomínio onde eu morava e sei o número da minha casa, pois não são prédios e sim residências, e encontro, é número 81, uma porta que fica num recorte da fachada que faz ângulo de 90 graus em relação a rua, de modo que a porta não fique paralela a rua, de frente para a rua e sim de lado para a rua, em ângulo de 90 graus em relação a ela, e esse recorte fica a esquerda de quem está de frente para a casa, ou melhor, conjunto, pois não são casas separadas como por exemplo o condomínio da Adriana Foz e sim um conjunto único de casas térreas de alto padrão, num estilo meio anos 50, com paredes de uma pedra granulosa marrom. Sim, todos esses detalhes. Pego a chave que tenho comigo, ela entra perfeitamente na fechadura e abre perfeitamente a porta. E, com minha grande expectativa, a primeira coisa que encontro do lado de dentro da luminosa e rica casa é um homem bem jovem, careca, levemente afeminado, alto, que mesmo tecnicamente podendo ser descrito como uma versão C do Yul Brinner, lembra também um ator com quem contracenei num dos testes que fiz, e que ficou, acho que de brincadeira até, insistindo que como a cena era de romance, devia incluir beijo na boca. Acho que ele queria mais me atazanar do que me beijar. Tem esse homem um ar antipático, que na verdade o ator não tinha, e está vestido de criado.
- Então eu tenho um mordomo, penso comigo.
Já foi uma pequena decepção, pois estava crente que Don Draper iria abrir a porta E sem demonstrar nada disso porque, e isso chama a atenção, mesmo om esse sub plot rolando dentro de mim e sendo até mais importante que o próprio plot principal, eu sigo o plot principal. Moro ali, e como a praia é complicada de ir, vou hospedar meus amigos em casa e amanhã veremos como ir na praia. Ainda priorizando essa história, cumprimento o mordomo que me conhece e sigo na direção do interior da casa cuja planta é bem igual ao do apartamento do Arrepa: entra-se na sala e logo na frente há o corredor com já o primeiro aposento a direita.
Toda esperança que eu ainda pudesse ter de que iria encontrar nessa casa minha história de amor desmorona quando atinjo a porta desse primeiro cômodo. Olhando pela porta, encontro ali em fileiras de sofá, quase como num home theater, virado de frente para a parede em frente da porta, uma extensa familia. Há um homem que parece ser meu pai e irmãos. Estão assistindo tv numa grande tela de plasma. Nada poderia ser mais balde de água fria. Existe uma chance de que o homem mais velho fossem marido, mas ele não é o Don Draper ou pior, o Don Draper é meu pai. Mais uma vez prevalece o plot principal e eu cumprimento todos com naturalidade, explicando para o homem mais velho o único que se vira na minha direção, meus irmãos me ignoram, que meus amigos vão dormir comigo no meu quarto. Meu quarto é o cômodo seguinte, mas a porta fica no fundo do corredor e não na mesma parede dessa primeira. Entro no quarto e no que coloco minha mochila sobre minha cama, até mesmo para marcar a propriedade, se instaura a seguinte situação. O amigo do Gabs, que era mais amigo dele do que meu, meio nervoso começa a repetir de forma meio obssessiva que não quer dormir na mesma cama que o Gabs. No que organizo mentalmente uma resposta, que seria sugerir que eles dormissem invertidos, cabeça de um com pé de outro, ou em último caso até que ele dormisse na minha cama, eu até poderia eu mesma dividir cama com o Gabs, isso não me incomodaria, percebo que na verdade o quarto tem 4 camas. São camas diferentes, a minha é uma cama de madeira tradicional e as outras são de armar de diferentes tamanhos mas são 4, mesmo que uma delas seja um quadrado de 1,5m por 1,5m. Estão dispostas coladas uma nas outras. Digo isso ao rapaz, tem 4 camas, você não precisa dividir, mas ele segue repetindo que não quer dormir na mesma cama que o Gabs como se não estivesse vendo as camas Gabs acabou de entrar no quarto e eu penso:
- Quer saber? Ele que resolva isso, afinal é amigo dele.
E saindo do quarto vou para a cozinha. Mesmo tudo, a casa, as pessoas, o quarto, não sendo nada da vida acordada, a cozinha é a cozinha xa Gregório. Não sei de que forma, acho que cruzo com meu irmão, que é uma figura adolescente de cabelos meio revoltos, só que loiro, mas não quero falar com ele enquanto não souber seu nome, coisa que nem imagino qual seja. Não é que tenha esquecido. Estou chegando nessa vida agora, nunca soube o nome dele. No que estou na cozinha entra o mordomo, que se transformou num homem de meia idade meio careca, não antipático como o que encontrei na entrada. Não quero analisar o sonho, mas ele lembra o Edu. Não posso perguntar para ele como chama meu irmão, de uma forma meio estranha eu devo fingir que conheço essa minha desconhecida vida, então digo, procurando soar bem casual:
- E aí, como estão todos por aqui?
O mordomo responde também com bastante naturalidade.
- Bom, já estão querendo ser pagos e já vieram me perguntar até quando tem que seguir com a representação.
Com essa frase fica claro o seguinte. A única pessoa da minha convivência real ali era o mordomo, que era mordomo mesmo, pelo menos até então nada indicava outra coisa, mas o homem mais velho e meus irmãos eram atores contratados por mim para representar esses papéis por causa de um determinado negócio que estava em andamento. Nada de ilegal, algo assim como quando o Falzoni precisou fingir que tu ha uma agência para conseguir seu primeiro cliente.
- Então não tenho uma família, penso. É uma atuação planejada por mim algo ligado a trabalho.
E não sei entender o motivo, isso era outra decepção. Não tão grande quanto não encontrar o Don Draper sendo meu marido nessa visa, mas au da assim, eu preferia que eles fossem minha família, talvez talvez até para não me sentir sozinha, será? Mas eu tinha amigos, tinha o Gabs e seu colega, aliás, se tem alguém do AAN de quem eu seria amiga é o Gabs, gosto dele.
E essa foi a saga da noite sendo que se aproxima 15 de fevereiro de 2026, com conjunção zero graus, o que acredito ser o ponto zero anunciado pelo meu sonho, a partir do qual "o que vai começa agora não tem nada a ver com nada do que veio antes." Aguardemos.