UM PRATO QUE NÃO FOI VOCÊ QUE FEZ

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{21 de dezembro de 2025}

Só peço a Deus que isso não sinalize nenhuma das minha preocupações atuais, todas relativa a dinheiro e falta de comida. Não sendo isso, foi até engraçado.

Estou nesse hostel, até estive num hostel uma vez com a Cláudia Eda. A cena começa estou na cozinha comunitária com minhas duas amigas, duas garotas de uns vinte anos. Não chega nos a ser de fato um grupo, elas são mais amigas entre si do que de mim, mas estamos fazendo coisas juntas e estivemos na praia juntas e voltamos juntas e agora estamos juntas diante do fogão comunitário tendo a seguinte situação. Sobre o fogão estão frigideiras e panelas com as comidas que minhas duas colegas haviam preparado. Uma misturinha, um pouco de abobrinha. Não muita coisa. E eu, por ter ficado muito envolvida com a praia, não tinha cozinhado nada para mim. Não ficava como se eu não tivesse meios, eu tinha, mas era hora do almoço, aquela fome de dia passado na praia e por pura falta de organização, eu não havia preparado nada para mim. Fico ali observando elas se servirem, sobre o fogão mesmo, aquela informalidade de hostel, pensando comigo que iria esperar elas desocuparem o fogão e preparar algo para mim. Mas eis que, tendo elas preparado seus respectivos pratos, gentilmente deixam um pouco nas panelas para mim. Agradecida, faço um prato para mim que até que fica com sustância, trem misturinha e abobrinha. Se não for suficiente posso preparar mais depois e pretendo me organizar para evitar que isso ocorra de novo. Nesse momento entra na cozinha um outro grupo, de mais meninas que também estava hospedado no hostel, e todas se juntam ao redor do fogão conversando, sendo que uma delas, ficando meio de costas para mim para falar com uma das minhas amigas, apoia o braço por sobre o fogão de modo que tapa a visão de tudo que estava sobre ele. Aquela conversa animada se dissolve, e os dois grupos se separam e quando volto a ficar só com minhas amigas junto do fogão... Cadê meu prato?

- Cadê meu prato? digo várias vezes, na verdade como que pedindo confirmação de que eles não estava mesmo mais lá. Minhas amigas olham e logo balançam a cabeça para mim, seus olhares confirmando: o prato não estava mais lá. Fico ali processando o ocorrido enqut elas vão se sentar na mesa de madeira ao lado. Uma das garotas do outro grupo havia pego meu prato. Só pode ser. Viu o prato feitinho ali dando sopa e catou sem pensar duas vezes. Vou até a mesa e digo para minhas amigas.

- Uma delas pegou meu prato, mas quem?

Minhas amigas já estão comendo mas uma delas a que vejo de frente a esquerda, faz umas expressões que deixam claro que ela viu quem foi. Na verdade eu nem esperava por isso, estava perguntando isso de quem foi mais para me preparar para ir atrás do grupo das outras garotas pelo menos reclamar, pois era a única coisa que podia ser feita. Eu não ia querer um prato meio comido de volta.

Mas se a minha amiga sabia quem tinha pego o prato,melhor ainda. Passa pela minha cabeça isso dela ter visto alguém se apropriando do meu prato e não ter impedido, mas naquele delicado equilíbrio de relações ali, acho que era compreensível que ela não quisesse ser antipática com uma hóspede, coisa que eu, por minha vez, não estava ligando a minima de ser.

- Mas quem foi então? pergunto a ela.

Nesse momento estou de pé diante dela, que está sentada. Ela me olha e fala alguma coisa meio confusa.

- Fala mais alto por favor.

Na verdade a altura com que ela tinha falado estava boa, eu é que não tinha entendido o sentido

Me olhando profundamente, ela me diz na mesma voz baixa.

- Como você disse agora a pouco, você também tem palavras que não quer que passem pela sua boca, não é?

Essa frase merece o posto das dez frases mais enigmáticas que já escutei em sonho. Ela se referia a algo que eu havia sim dito no sonho, mas não aparecia no sonho. Fico quieta e me disponho a escutar o que ela quisesse me dizer.

- Quem é, ela prossegue, que aqui gosta de se fazer de menininha?

A frase era um pouco mais confusa e tortuosa que essa, mas o sentido era esse e talvez ela tenha dito "se vestir" de menininha. Acho que ainda insisto um pouco, mas vendo que ela não iria dizer o nome, dou aquilo por suficiente. Subo ao segundo andar, onde o outro grupo costumava fazer as refeições. O grupo de umas 6 garotas está sentado num nicho na parede que tinha uma mesa rodeada 0r esses bancos estofados de lanchonete. Olho para elas, tentando ver se alguma se encaixa na descrição da minha amiga, mas o problema é que as garotas eram todas quase menininhas, com uns 18-19 anos no máximo, japonesas e todas vestidas dentro dessa tendência japonesa que é meio na linha "menininha" mesmo, de maria chiquinha no cabelo e vestidos super curtos.

- Uma de vocês pegou meu prato! digo bem brava.

Nisso a garota que está sentada bem no meio delas todas parecia ser ainda mais jovens que as demais, e estava vestida com esse tipo de roupa meio infantil.

-Voce pegou meu prato!

Estou super firme na acusação, mas por dentro não tinha tanta certeza assim. De qualquer forma foi uma delas. Mas nesse ponto não sei como prosseguir, pois como disse, não poderia pedir o prato de volta. Então digo no tom mais desmoralizante que consigo:

- Quando você vir um prato que não foi feito por você, não pegue! Por que ele é de alguém.

Está obvio que minha atitude está errada e o que eu deveria fazer era ir preparar minha própria comida. Mas não sei ao que essa simbologia se refere na vida acordada



UM PRATO QUE NÃO FOI VOCÊ QUE FEZ

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