{1 de novembro de 2025}
Depois de uma vida de sonhos, a melhor maneira até o momento de explicar o que eu sinto ser um sonho seria dizer que o sonho é uma parte do ser muito maior que a parte encarnada, como se fosse a nave - mãe, por exemplo, tentando se comunicar com a parte encarnada, que seria como um habitante do planeta, através daquele jogo de salão de mimica, no qual os gestos que a pessoa faz servem para fazer acertar a palavra, mas muitas vezes usando gestos que representam uma palavra que soa parecido mas cujo sentido não tem nada a ver. Isso explica a composição de símbolos adotados pelos sonhos, sendo que o sonho passa uma mensagem. Não é um descarrego. Não são desejos inconscientes, que nem Freud disse. Só um homem poderia pensar tamanha bobagem. Mas essa comparação com o jogo de mímica, nesse sentido de que os gestos e a encenação podem se referir a palavra em si, a uma palavra nada a ver mas de som parecido ou a nada disso, ser apenas algo que a pessoa que está fazendo a mimica sabe que vai fazer a pessoa que está tendo que adivinhar pensar naquela palavra, pois a mímica tem algum sentido particular para a pessoa que está tentando adivinhar, e a pessoa que está fazendo a mímica sabe disso, toda essa comparação não engloba o mistério da relação entre quem está fazendo a mímica e quem está tentando adivinhar, pois são ambos partes do mesmo ser e mesmo assim, quase alienígenas entre si, pois não falam a mesma língua e cada um está em um planeta diferente.
Há essa sala de palacete francês antigo, como o do desenho do Homem da Casa Azul que ao voltar da casa da minha mãe meio angustiada como sempre, era o que eu mais queria fazer. Na parede que tem a porta de entrada, para o lado esquerdo, está a cama de casal com a cabeceira encostada nessa mesma parede. Na frente do pé da cama, há a porta para o banheiro, na parede oposta a parede da porta de entrada dessa sala ou quarto. Bem na frente da porta está a janela. Entre a janela e a porta está de pé um grupo de homens, sendo um deles o Stênio Garcia e os outros uns três ou quatro membros do que super remotamente fica colocado como sendo uma gang de bandidos O sonho curiosamente não chega s definir isso, mas a dinâmica entre eles é de modo quase a fazer essa definição.
No chão há uma mala aberta que o Stênio Garcia está terminando de arrumar. Eu estou num colchão no chão, no vão entre a cama de casal e a parede lateral do quarto, ou seja, no canto do quarto. Tenho que me sentar e apoiar o braço na cama para acompy a cena entre o Stênio e o grupo. E acho que nesse momento o David Gandy está ali meio que uns passos afastado do grupo, mas também acompanhando. As relações pessoais entre nós três são algo que exige uma descrição detalhada. Somos amigo, mas o David Gandy e o Stênio Garcia são muito mais amigos entre si do que de mim, que em parte funciono ali como uma espécie de pet deles. Até mesmo isso de eu estar deitada no chão combina com essa sensação de ser um pet. O Stênio havia se metido em algum rolo com esse grupo meio gang, que tinha vindo ali na casa dele para brigar e como uma forma de resolver a situação, o Stênio tinha proposto ir para fora do país. E isso sim, resolvia a situação. Não havia clima tenso. Os mrmbros da tal talvez gang, que eram figuras amorfas, tinham expressões fechadas, mas o Stênio estava aqui a vontade como sempre. Eu de cara estou profundamente sentida. Ele vai embora. Sem que fique claro no sonho, mas agora escrevendo percebo isso, o que realmente está me magoando é isso de sentir que não sou importante para ele, ou até sou, mas no mesmo nivel que um pet seria. Tenho ciúmes da amizade entre os dois. No que o acordo ali fica estabelecido e os bandidos relaxam um pouco suas atitudes intimidadoras e o Stênio se põe a arrumar a mala, David Gandy entra no banheiro para tomar banho. Eu estou ali no meu canto pensando em como vou reagir quando inevitavelmente o Stênio venha se despedir de mim. Estou com mágoa e raiva dele. A primeira coisa que me ocorre é ficar bem altiva e dizer em tom de boss: você tem seis mêses. Como se isso estipulasse um prazo para ele voltar. Nisso o David Gandy saiu do chuveiro e ou ele mesmo abriu a porta do banheiro ou nem chegou a fechá - la direito, mas de onde estou, quase que na frente da porta, o vejo totalmente nu, de costas, se secando com a toalha. Stênio entra no banheiro para se despedir dele antes. A relação entre eles é tão profunda que não tem necessidade de oi nem tchau, é tudo uma conversa interminável. David está sentido com a separação, mas é sóbrio ali na comunicação, que envolve apenas uma breve troca de palavras. Então Stênio vem falar comigo. Como muitas vezes ocorre comigo, me vejo fazendo ou dizendo algo completamente diverso do que havia planejado. Olho para ele profundamente sentida e nesse instante tenho uma clareza parcial do que realmente me magoa: perceber que para ele não é difícil se afastar de mim
Ele estava até curtindo essa viagem e eu sinto que em parte ele se aproveitou da desculpa de estar fazendo acordo com os bandidos para fazer algo que ele mesmo queria. A relação dele com o David Gandy era de um nível que não se abalava com esse tipo de coisa mas eu, não só eu já me sentia quase como um pet, mas estava ali me sentindo como um pet cujo dono não se importa de abandonar. Desisto de todas as frases que havia já preparado e me virando de costas para ele, me ponho a chorar. Esse choro é tão deliberado quanto frases, mas não falso. Eu sabia ser a melhor forma de transmitir yoda a dor, toda a mágoa. Antes de chorar apenas uma frase me escapa e esse é o unico momento de espontaneidade. Eu digo:
- Eles não iam te matar! E me viro e começo a chorar.
No que me vem as primeiras lágrimas, sigo em frente sabendo que isso tem mais poder que qualquer coisa que eu diga.
O que eu queria dizer com essa única frase era que os bandidos não iriam fazer nada radical com ele e o Stênio poderia ter resolvido tudo sem ter que inventar isso de saur do país. Ele propôs isso porquê queria, não havia necessidade.
Stênio tenta me dizer algo de consolo mas logo percebe que não vai adiantar. Então ele sai da sala e na verdade fico sozinha, não tem mais ninguém lá. Até então uma das coisas mais interessantes desse sonho é o quanto, apesar da beleza estonteante do David Gandy, que ficava pelado ainda por cima, eu estava totalmente fixada no Stênio e o DG era apenas secundário. Na hora em que o Stênio parte, eu penso com raiva que talvez o DG, até mesmo pela falta do amigo, ia ficar mais próximo de mim, talvez até se envolver comigo, mas até mesmo essa possibilidade fica secundária em relação a raiva que estou sentindo do Stênio. Acho que a maior pista para o entendimento dessa " mimica" é o fato de que, uma vez que me vejo sozinha com o que houve, o sentimento que emerge não é mágoa, nem saudade, nem amor, é raiva. Raiva do Stênio. Então eu fico ali sozinha com minha raiva,be estou bonita e bem vestida e fico fazendo um trabalho energético que envolve ficar de quatro sobre o assento do lindo sofá antigo que tinha ali e empinar o bumbum de modo a alongar o espaço que tem aqui no quadril, eu fazia isso muito correndo e sentia como se estivesse abrindo um " segundo andar" ali no meu corpo. Faço isso diligentemente mas sempre pensando com raiva no Stênio. Sei que DG está na parte da casa fora do quarto. Logo irei ao encontro dele. E isso encerra. Ah, só um detalhe. Quando vejo em segundo plano o corpo nu do DG dentro do banheiro se secando, com minha mente totalmente focada em como atingir o Stênio, penso comigo:
- Ele sabe o quanto é bonito e está se exibindo.
Tem outra coisa que acho que é caso de corrigir. Escrevi que o Stênio Garcia não estava se importando de me abandonar ali mas esse terno nao tem muito a ver, pois eu estava num palácio e nada me faltaria
O que quis dizer era que ele não se importava de se separar de mim, de ficar sem minha companhia e agora infelizmente me veio um match para essa mímica. Sim, fiquei sentida com isso do L não querer mais seguir com as aulas na minha casa. Seria isso? Me veio espontâneo na cabeça agora, em que estou morrendo de fome. Mas então... cadê o DG?