O PODER DO PAVIO APAGADO

0
6min de leitura

{4 de outubro de 2025}

Três trechos que ficaram, compondo um todo, mais ou menos nessa ordem.

O homem que parecia demais o motorista do táxi que ontem a noite me levou até o Bar do ....meu Deus esqueci o nome dele. Mas vou lembrar. O dono do bar da esquina da Antônio Carlos com a Consolação, onde o Luciano e eu paramos com toda a carga da produção para chamar o 99, depois da gravação, e veio o morador de rua querendo que eu desse o panetone para ele e eu não quis, porque já tinha gasto muito dinheiro naquele dia com o almoço imprevisto dos atores, fora o dinheiro da multa do cheque especial que eu perdi, ainda não sei o que fiz de errado, mas foi ali por causa do dia 20 ter caído no sábado, e ainda por cima chego aqui na kit com o Luciano e cadê minha sacola de pavão com todas as roupas dentro? Tinha ficado na mesinha de madeira do lado de fora do boteco, um boteco simples, nem mesmo um estabelecimento metidoso.

Fiquei realmente desesperada porquê na hora dei tudo por perdido e eu tive, tive que chorar mas nem era por causa exatamente da sacola, mas por aquilo que eu sentia como um acúmulo de perdas, de doações sem volta, tudo o que estou doando, doando para esse seriado e não sinto que estou recebendo de volta. Ou estarei sendo muito ingrata?

Mas mesmo achando que rinha chance zero absoluto de recuperar a sacola, essa coisa em mim que amo e que insiste em fazer o certo mesmo debaixo de chance zero, decidiu ir lá de volta nem que fosse para desencargo de consciência e pegamos o taxi desse senhor de cabelo e barba branco que até lembra aquele ator já de idade mas muito atraente que fez o filme do cego que nora na casa e que de indefeso não tinha nada. Esse motorista me consolou e disse que tragédia mesmo é perder celular e documento e eu concordo. Antes de descer do táxi pedi para Deus me dar aceitação.

Aí inacreditávelmente a sacola estava guardada pelo dono do boteco, lembrei o nome: Batista! E mais inacreditavelmente, tinha sido devolvida pelo morador de rua. Duas pessoas de alma pura e agora não sei se foi o mesmo para quem eu não dei o panetone.

Bem, estava esse homem que extrapolava o taxista mas acho que foi proposital o sonho ter adotado a figura dele, estava esse homem sentado diante de mim em um ambiente que parecia não ter nada mais além dele, eu e duas velas brancas entre nós. O sonho que antecedeu essas últimas coisas pessoais mega difíceis na minha vida e que sinceramente espero serem as mais difíceis da minha vida, era sobre o barulho estranho e a vela sendo apagada, então esse sonho de hoje, mesmo tendo sido uma noite difícil porque teve sangramento nível inédito, e cada vez mais me parece que esse sangramento é uma manifestação de pensamentos muito péssimos sobre dinheiro, esse sonho tem um forte sentido positivo. Pois bem. Havia duas velas, dessas velas baratas brancas. Uma delas estava apagada, mas seria uma vela que nunca teria sido acesa. Essa vela estava de pé sozinha, como se estivesse num suporte. O homem, sentado bem próximo a mim, segurava a segunda vela, que também estava apagada, mas tinha aquele pavio queimado que denunciava uma vela que teria estado acesa antes.

Me olhando profundamente nos olhos, o homem me dizi:

-O pavio apagado ter um forte poder secreto oculto.

E nisso ele ia aproximando o pavio da vela apagada usada do pavio da vela apagada nova e... para minha surpresa, o pavio queimado apagado fazia aparecer uma chama no pavio apagado novo. Como se fosse um fósforo aceso.

- Ele tem o poder de acender um outro pavio, prosseguia o homem.

O que ele queria dizer era que um pavio apagado, mas que já tivesse tido uma chama acesa, mesmo apagado continha algo que faria acender um pavio que nunca tivesse sido aceso.

- Então nunca pense, continuava o homem, que ( ...) era a Luz da minha vida e se foi.

Pois essa vela apagada tem o poder de acender outra, era o que ele queria dizer. Na frase, a parte do artigo se nublava, não ficava claro se o homem dizia "ele era a Luz da minha vida", ou "isso era a Luz da minha vida".

E então estou eu num cenário que já surgiu muito em sonhos, a ladeira que seria sli nas imediações do Cisne Negro mas não era como a ladeira nas imediações do Cisne Negro da vida real. Outra circunstância meio recorrente nos sonhos, eu estou na calçada, no meio da ladeira, no lado direito da rua, de frente para a subida, sentada numa mesa meio qu não fazendo nada. A ladeira avança mais um três quarteirões até terminar numa rua perpendicular. E vindo do lado esquerdo dessa perpendicular, vem caminhando alegremente a Tuna. Está vestida de enfermeira. Ela é enfermeira. Aqui minha reação é assim. Não quero que ela venha falar comigo. Nem é por não gostar dela. Nem sei explicar o motivo. Na verdade seria mais como se naquele momento eu não estivesse muito em estado de querer sociabilizar com ninguém. Sim, teria algo a mais na figura da Tuna que reforça isso, mas não saberia entender o que, pois no sonho ela vem com uma vibe super positiva, está feliz e alegre, toda de branco, revestida de cura. Mas eu quero evitá - la mesmo assim e num impulso bem infantil, como se resolvesse fingir que estou dormindo, resolvo fingir que estou escrevendo. Pego um caderno pequeno pautado e começo a escrever sei lá o que com uma caneta bic azul

Acho que estou de pijama.

E então outra coisa. Habito um certo local que não seria minha casa propriamente dita.

Mas constantemente passo tanto tempo lá que seria quase como se fosse. Seria um pequenos quarto num andar acima do solo, menor até que minha kit, que tem uma cama, a porta de entrada na parede a direita no ponto de vista de quem está olhando para o pé da cama, e na parede a direita, a mesma parede que tem a porta, há um armário embutido, outro símbolo mega recorrente. Esse armário, que nem é muito grande, é um armário de duas portas, está com ambas portas abertas. Eu estou diante dessas portas abertas, como de elas fossem portas de um box de chuveiro e inclusivé há um chuveiro invisível ali que derrama água na minha cabeça e debaixo desse jato de água eu procuro lavar o cabelo. A água quase alaga e pequeno quarto. No chão ao meu lado, um par dis sapatos de couro marrom de amarrar mais caracteristicos do meu pai. A água os enxarca e enxarca também o pequeno pedaço de chão entre o armário e minha cama, que tem minhas cobertas e minha linda e amada colcha adamascada vermelha. Na verdade apesar dessa desolação toda, eu estou sim conseguindo lavar a cabeça e me sinto reunindo energia e decisão para sair daquele quarto, que nem era minha casa, e voltar para minha casa real. Fico preocupada com a água que está meio fora de controle e ameaça estragar minha colcha, mas para minha surpresa, quando eu levanto a ponta que estava no chão, sendo afundada na água, ela tem apenas algumas poucas e pequenas manchas de umidade, bem fáceis de sanar.

E então estou eu autenticamente sofrendo, dizendo a uma presença imaterial na minha frente no quarto escuro:

- Ele morreu sozinho, frustrado e se sentindo falido. Isso me dá tanta, tanta pena.

Esse "falido" teria mais o sentido de " vida falida" do que de dinheiro mesmo, mesmo tendo sodo dinheiro o grande tema desses recentes sofrimentos. E esse foi o sonho mais forte que tive recentemente.



O

O PODER DO PAVIO APAGADO

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL