WESTMINSTER ABBEY

1
22min de leitura

{17 de dezembro de 2017}

Esse sem sombra de dúvida foi um sonho a altura do alinhamenteo do Galáctic Center que ocorre no dia 19/18 dezembro,e uma vez que está mais que provado que meus sonhos não se influenciam em nada por nada do plano real... 

Toda a primeira parte da noite ficava numa situação meio enroscada na qual estou com a Lú sou infeliz e me sinto meio frustrada,fiz umas estórias em quadrinhos estilo super herói e aquilo deu um pouco certo e estou tentando me disciplinar para fazer uma tirinha por dia e nem é por dinheiro é por que é uma das únicas coisas gratificantes que faço, a Lú fica com uma câmera e tenta me filmar mas eu nunca deixo porquê me acho feia e não quero cristalizar essa feiúra em vídeos e cubro meu rosto com o Gibi que estou lendo.

Fica repassando meio esses pontos várias e várias vezes. Durante a própria noite nas brechas não sei se dormindo ou desperta eu pensava comigo que seria meio chato ter que registrar esses sonhos ou um sonho só, mas sério que nem é porisso que não lembro mais muito além disso. Ficava meio nisso mesmo.

Parece que tinha havido uma vez em que a Lú tinha me filmado disfarçado e eu tinha saído bonita e por causa disso ela insistia, mas eu tinha medo demais de sair tão feia que até aquela imagem de beleza, o único respiro que tive, seria anulada. E havia mais que isso. Eu havia saído bonita por causa de um momento ali em que estava com os exercício energético mega alinhados, mas sabia que não estava mais nesse alinhamento, que mesmo praticando muito atinjo só de vez em quando, então achava que a chance maior seria sair feia e isso iria me fazer mal. E só para registro ontem vi a foto da família na qual não sai feia e vi em parte em mim um pouco dessa beleza que só consigo ver raramente. Isso me deixou contente, mas assim como no sonho, é um momento que deu um respiro mas não é o bastante para alterações totais do quadro.

Pois bem.

Então é assim ( e agora escrevendo já emergem vários sentidos, como se eu visse os bastidores do sonho, ele sendo elaborado ).

Vamos a fundo pois apesar de me parecer absurdo o tempo que invisto registrando sonhos, Saturno indo para a casa 12 meio que me dá aval e quase determina que eu faça isso mesmo.

Moro num Shopping, na parte de dentro dele, como se minha casa desse para o interior dele, como aqueles mini-apartamento aliás bem legaizinhos que dão para o interior do Shopping americano, uma situação de vida bizarra mas atraente.

O Copan em parte é assim, mas existe uma separação dos aps e dos comércios.

Aqui saio pela porta da frente caio no páteo central do Shopping, que remete mais ao Shopping Eldorado do que a qualquer outro, mesmo que não seja a planta dele. Mas tem cara dele.

Nesse tal páteo Central, meio como naquela área do Shopping Eldorado onde sempre tem o Parque da Mônica, o Shopping montou uma exposição referente aos Tudors, com destaque para o período da Ana Bolena.

Ela não chega a ser o tema, mas quase. Poderia se dizer que o tema era o Período Tudor na época em que ela era rainha.

Todo dia saio de casa e dou de cara com isso, mas num primeiro momento estou tão compenetrada nos meus afazeres que evito me envolver com aquilo. Várias razões contribuem. Antes de tudo e qualquer coisa, tenho um preconceito de que uma exposição sobre a cultura inglesa antiga feita pelo Shopping Eldorado deve ser algo bem de terceira ou quarta categoria e não seria digna do meu precioso tempo. Não é arrogância. É como na minha vida real no qual o tempo é curto e sinto que devo investi-lo bem. Então olho só de relance, como se olhasse para um outdoor na rua.

E depois de vários dias assim, começo lentamente a me dar conta de que apesar de ter tudo para ser algo bem mequetrefe, a exposição de mequetrefe não tem nada.

Há vários painéis montados com fotos e plantas dos castelos que não são as fotos óbvias e redundantes que eu esperava e sim algo nível avançado, ao qual seria difícil ter acesso. Ontem assisti ao vídeo do Obscure Oddity sobre a Lizzie Borden mesmo já tendo visto muitas versões dessa história porquê sei que os vídeos dele sempre vão além. E nem gosto desse assunto, é só para ver algo legal.

Na expo do sonho se a primeira razão para evitar ficar olhando para a montagem seria de que com certeza era algo de segunda linha que não valeria meu tempo, na hora que percebo que não é o caso tento resistir ainda mais me envolver com aquilo, pois esse é um dos meus assuntos mais magnéticos e uma exposição de alto nível sobre o assunto com certeza seria um desvio muito grande ali da minha rotina.

Então ainda acho que devo me manter focada nas minhas coisas.

Mas como ela está bem na minha porta, toda vez que saio de casa tenho oportunidade de reparar em pelo menos um pequeno detalhe com calma e é quase como se eu estivesse visitando a exposição sim, de picadinho, um pouquinho todo dia.

Logo no começo já reparo na moça que está ali como guia da exposição, uma garota morena bonita bastante com jeito de garota de shopping.

Mas o que fica em primeiro plano é a exposição em si.

De carta forma assim que percebo que ela está ali por bastante tempo, essa opção de nunca parar e olhar assumidamente e sim cada vez que passo por ela reparar em algum detalhe resolve meu impasse pois estou vendo a exposição sem chegar a botar minhas coisas de lado para isso. E esse universo Tudor pelo qual sempre tive fascínio vai ocupando minha mente e dessa vez sem ter aquele tom tenebroso ligado à Torre de Londres e a execução de Ana Bolena. Ele me toma pelo que tem de mais positivo:minha admiração e profunda identificação estética com o senso artístico inglês. Como no sonho da moça perdida em Londres.

Livre da parte tenebrosa da coisa, a ligada a tortura e execuções, e que também era uma das razões para evitar aquele universo, por medo de acionar sentimentos negros em mim fora do meu controle, me dou liberdade para me deslumbrar com aquilo tudo.

Tem plantas dos castelos que chamam muito minha atenção e me fazem desejar morar neles, tem reproduções ou talvez até mesmo figurinos autênticos e tem muitas fotos da igreja Westminster Abbey,que seria onde o Henry XVIII casou com a Bolena.

A partir do momento em que os obstáculos para eu me envolver com a Exposição são superados, mesmo ainda não chegando ao ponto de colocar minhas coisas de lado para ver a exposição, me deixo ,levar pelo meu fascínio e as sensações que me despertam, e fica claro que o que aquilo tudo me desperta é um desejo de mergulhar naquele universo de alguma forma.

Esse é o pensamento que passa a me dominar, que é ativado cada vez que saio da minha casa e dou com a exposição e que carrego comigo o dia todo durante minhas atividades: como seria maravilhoso poder de alguma maneira mergulhar nesse universo e senti-lo na pele. Me vem um outro impasse no sentido de que viver de verdade naquela época, ainda mais na pele de quem eu queria estar, que seria Ana Bolena, não teria nada de divertido e se eu já vivo no tempo atual sob uma impressão absurda de que estou sujeita a tortura e execução, imagina naquela época e naquela vida onde isso foi fato.

Então me vem que a forma ideal seria se eu fosse uma atriz interpretando o papel dela num filme. Esse seria o jeito perfeito de chegar o mais próximo possível daquele universo. Bem como aqueles nerds doidos que se fantasiam de Guerra nas Estrelas, só assistir ao filme não basta, a pessoa quer entrar nele.

Me deixo então levar por essa fantasia de ser atriz num filme sobre a vida da Ana Bolena e nesse caso acho que eu nem ligaria para a experiência de estar atuanto, o fato de poder quase que “entrar” na Ana Bolena iria tomar toda minha atenção.

Fico imaginando usar aquelas roupas, transitar por aqueles castelos e claro,me casar na igreja Westminster Abbey. Desde que acordei não olhei no Google se o nome da Capela ou Igreja é esse mesmo, se escreve desse jeito ou até se Ana Bolena e Henry 8 se casaram lá. Quis manter o sonho na minha mente do jeito que foi. E o que foi é que apesar de já ter reparado nas fotos da Capela Westminster ou igreja, é a fantasia que alimento todo dia de atuar num filme e viver essas cenas que me leva a pensar no casamento como uma espécie de auge dessa experiência por causa das roupas e dos ambientes e do clima todo da coisa e é isso que me leva a reparar mais na fotos da Westminster Abbey como forma de ter mais dados para minha fantasia.

E aqui tem vários detalhes que merecem um registro.

Seria como se essa idéia nova de que quem sabe talvez um dia fosse possível eu atuar num flme sobre ela criasse uma maneira através da qual eu pudesse dar vazão a essa vontade de me imaginar naquela vida, coisa que estaria bloqueada pelo fato de que qualquer fantasia sem esse “ filtro ” do filme viria carregada de coisas que são muito aterradoras para mim nas quais evito pensar por não ser saudável: tortura e execução.

Mesmo na viagem para Londres com a Lú achei melhor não ir na Torre de Londres. Nem foi algo que me paralisou de medo, coisa assim. Eu simplesmente achei que alimentava algo mórbico em mim que não quero alimentar.

Mórbido, essa é a palavra. Dentro de um filme isso deixa de existir e posso simplesmente curtir.

E tem outra coisa que acho que importa. Nada tem a vem com egotrip.

Aliás se fosse, acho que me identificaria com outra rainha, uma que tivesse reinado bastante e sido bem sucedida, não uma tonta que foi executada depois de um ano no trono de uma forma desmoralizada, tratada como bruxa e deve ter sofrido muito e não pelo lado do ego, sofrido emocionalmente mesmo.

O fascínio é pelo lado estético.

Bem, sou uma artista nessa vida e essa é uma das minhas paixões mais profundas, mesmo que não seja suficientemente bem catalogada.

E de todos os universos estéticos o de Londres Tudor é um dos que mais tem apelo. Não ligo muito para Versalhes, por exemplo..Não gosto muito da estética francesa, mesmo achando muito nível. Mas pelo lado pessoal não me afeta, o que me afeta é a inglesa. Então me dou aval mesmo para cultivar essa fantasia em parte por sentir que ela é parte importante da minha inspiração artística. Como quando percebi que ficar vendo vídeos de Candem Town alimentava isso que estava querendo surgiu na forma do Vila Ida.

E no meio dessa fantasia,sentia que o auge da experiência seria o casamento,portanto passo reparar mais nas fotos da igreja e percebo que essa igreja é ainda mais maravilhosa do que eu havia notado.

Acho que até paro um instantinho para ver as fotos, coisa que até então não tinha feito.

Pois tudo isso se passa ao longo de uma sequência de uns 10-12 dias no sonho, no qual repito a mesma rotina.

A fotos mostram o interior da Westminster que foi mantido como era na época de forma que se podia ter uma boa idéia do que teria sido essa cerimônia de casamento.

Ah,tá, aqui vou voltar um pouco e registrar umas coisas que vieram antes de eu no sonho focar na igreja.

Aliás é algo bem importante e estava uase esquecendo.

Começo o sonho chateada pelo não encontro eterno com o Homem da Casa Azul. Antes de me deixar fascinar pela exposição, ou melhor, parar de resistir a ela, estou triste pensando nisso e isso me ocupa.

Então quando embarco nesses pensamentos sobre essa fantasia Tudor, dou com outro impasse, mais um.

Penso comigo que havia chance zero desse mundo que me excitava tanto pelo lado estético me excitar pelo lado sexual.

Esse Henry VIII devia ser um péssimo amante e o tipo de homem e ser humano pelo qual eu não conseguiria sentir de fato nenhuma vontade.

Isso na melhor das hipóteses, pois havia muita chance dele me provocar repulsa até, sendo o monstro de maldade que era.

Como resolver esse impasse? penso somigo.

E até isso a fantasia sobre não viver de fato essa história, apenas atuar num fime resolve, pois eu não precisaria de fato transar com o Rei.

Isso resolve mas diminue um pouco algo. Eu poderia sentir deslumbramento pelo ambiente, roupas e cultura, mas teria que me esforçar para ignorar o fato de que estaria casando com um homem que desprezo.

E meio embolado nisso tudo me vem uma calma certeza de algo que na vida real desconfio:que fui mesmo Ana Bolena.

Pois no que raciocino isso sobre não ter ilusões sobre o Rei,penso algo como”’ não mais” .

Como se a primeira vez que vivi essa experiência eu tivesse, como imagino que Ana Bolena deveria ter.

Mas agora “ não mais ”.

Então no sonho isso e outras coisas que ficam meio vagas me levam a concluir de vez que sim, fui Ana Bolena noutra vida.

Tem algo importante, não sei que estou sonhando.

No sonho tudo o que a exposição desperta em mim e que me leva a concluir que sim, fui ela noutra vida.

E nesse ponto é que surge uma cena que ficou muito marcante e que teria a ver com esse impasse sobre a falta de uma figura masculina nesse mundo Tudor que me despertasse a mesma reação que o aspecto estético me despertava.

Imersa em meus próprios pensamentos, que poderiam ser resumidos em: mas o Homem da Casa Azul não faz parte desse mundo, observo um vídeo da exposição no qual filmaram uma reconstuição muito realista de um costume da época para as rainhas: elas era “ guardadas numa gaveta ”. Era algo nessa linha de “ costumes medievais bizarros ”, tipo a consumação do casamento de reis e nobres ser um ato público e ficava ali o coito sendo observado pelos parentes do casal, quer coisa mais doentia?

Só que aqui no sonho era como que uma espécie de anti-consumação,ou uma espécie de alternativa a consumação.

Na hora em que estava pensando algo do tipo “ putz,mas não queria ter que transar com o Re i” vejo esse vídeo e mesmo assim não super associo uma coisa com a outra. Pois o vídeo mostrava que após o casamento uma das opções era a nova Rainha entrar completamente vestida de gala no que poderia ser descrito como uma enorme gaveta rasa de madeira, na qual ela se deitaria toda esticada para não amassar as roupas e essa gaveta era “ fechad a” dentro de um móvel como uma gaveta mesmo. Não havia nenhum sentido de túmulo, punição,nada disso. Era uma forma de dormir, apenas. Ou se passar um tempo.

Não ficava claro o sentido nem porquê isso teria a ver com a consumação do casamento. Não chego a prestar super atenção nesse vídeo.

Depois que resolvo na minha cabeça que sendo um filme, não vou precisa transar de verdade com o Rei, deixo o problema de lado e passo a me interessar pelas fotos da Westminster pois elas contribuem para minhas fantasias.

Duas fotos em particular mostram o interior da igreja visto de baixo, com sua abóboda muito alta e de certa forma com alturas intermediátrias formando uma espécie de cúpula, pois o teto não era algo plano. E também não era imenso, como a Notre Dame. É esse tipo de coisa que mais me encanta na estética inglesa.

Eles não ostentam, como os frnaceses, com aquela Versalhes espalhafatosa.

O negócio é contido, discreto e primeira vista quase decepciona no sentido de que parece algo simplesinho. Então de uma forma inesperada, atinge uma beleza de alto nível, que faz Versalhes parecer berrante e vulgar. Pois as fotos do interior da igreja se moviam como um vídeo e mostravam primeiro o interior da cúpula sem as luzes acesas. Um interior de igreja medieval bonito, mas maio “ nada de mais ”. E então uma sequência de fotos ou vídeo mesmo, era algo entre os dois, ia mostrando a progressão de luzes que iam acendendo, não todas de uma vez só, em sequência, algo muito pensado em planejado justamente para criar esse efeito de inesperado e o interior da igreja ia passando de algo bonito-mas-nada-demais para tipo o algo o mais deslumbrante que uma construção terrena pode atingir. Era isso que eu pensava com clareza:–Não deve haver no mundo inteiro nenhum interior que atinja esse nível de beleza elegante e requintada quase mágica. Quase mágica. As luzes todas acesas era algo deslumbrante e poucos ambientes merecem essa palavra. Belos sim, mas não a ponto de causar sensação de deslumbre.

O interior da igreja todo aceso causava deslumbre.

Fazia parte desse deslumbre oi fato justamente de não ser algo muito grande, o que me causava mais admiração ainda, o quanto havia de planejamento e técnica ali. Não existia para mim algo mais belo que aquele lugar e fico imaginando a sensação de ser a mulher se casando ali com um Rei.

E aqui vou registrar algo que percebo acordada. Tem bastante chance de estar enganada, mas vale o registro.

Há uns 3 dias atrás o Wenergético progrediu a ponto de dar um salto na direçãoo de eu conseguir me conectar com a “Energia Maravilhosa” do peito, coisa que tinha se tornado quase impossível desde sei lá, 2008?

Estava bloqueada.

Não chegou a voltar tudo mas avançou muito nessa direção e o que me ajudou foi imaginar esse interior do meu corpo como uma bola cheia de luzes que acendiam.

Pois o que sempre desde 14 anos de idade chamo de Energia Maravilhosa sempre teve a sensação de pequenas luzes vivas no meu peito.

Uma imagem que lembra muito esse interior da igreja todo com pequenas luzes.

Mas seguindo.

Depois de ficar olhando as fotos do interior da igreja pensando algo como “ ingleses são foda mesmo ”,é que passo ao estágio de realmente fazer daquilo uma das minhas atividades, ou pelo menos deixar s atividades de lado um pouco e me autorizar a “ perder tempo ” com aquilo.

Estou dentro da minha casinha, na janela e a tal moça que ficava ali como guia e tomadora de conta da exposição está ali e eu acabo conversando com ela, coisa que até então não faria por ser “ perda de tempo ”.

Mas a exposição é maravilhosa e conversar com essa funcionária é algo que me aproxima dela, da exposição.

Ficamos batendo um papo meio formal ali sobre o parapeito da minha janela,q ue curiosamente é uma abertura retangular na fachada da minha casa sem folha de janela nem nada, aliás minha casa parece ser só um parapeito que me separa da exposição, não tem porta nem teto, depois que trocamos umas frases meio formais parece que a conversa evolui no sentido de nos tornar amigas.

Isso começa com um comentário meio negativo sobre o homem reponsável por aquela exposição.

Ou eu mesma pergunto isso, ou comento que a exposiçãoo me surpreendeu e tem um nível muito alto para uma expo de Shopping ´ldorado ainda por cima. Nem era um Iguatemi da vida.

Acho que é bem isso. Comento isso e a moça responde que na verdade a exposição não foi organizada pelo Shopping e sim foi iniciativa individual de uma amante da cultura Tudor. E na sequência através de um comentário deixa claro que se trata de pessoa meio difícil e demonstra um certo desgaste de ter que lidar com ele.

Acho que isso explica tudo, sobre o alto nível da exposição. Era algo muito acima do que o Shopping Eldorado teria condições de atingir e digo pelo lado cultural, não pelo dinheiro gasto.

A moça parece muito legal, inteligente e equilibrada, então seu comentário negativo sobre o homem que seria responsável pela exposição me intriga, pois ela não me parece uma pessoa que se incomodaria por pouco.

Sem nenhuma pausa na frase ela me aponta uns adereços que estavam sobre um grande armário expositor. Um deles é um grande garrafão da época, ricamente feito, mas que estava com uma tampa de garrafa de água mineral branca.

–O cara para não ter que gastar mais 500 reais não quis colocar a tampa original e colocou essa de plástico.

Ela não chama o organizador da exposição,seu patrão aliás,de “ cara ”. Acho que diz “ ele ”.

Nesse comentário ela demonstrava que tinha, apesar de jovem e não parecer uma estudada, um amor sincero por exposições e queria que fossem bem feitas e pelo jeito havia discutido com seu patrão por causa daquela tampa e pelo jeito chegado a perceber que não adiantava medir forças com ele.

Me passa pela cabeça a possibilidade de ficar amiga de verdade da moça da exposição. Isso me parece remoto, mas continuando a conversa a moça, na qual eu já havia percebido um certo tom emocional ao falar do patrão ,revela claramente que está apaixonada sem esperanças por ele.

Algo que se diz para amigas mesmo.

Uma mostra de confiança e eu gostaria de ficar amiga dela. Sempre fiz amigas assim ,de forma inesperada, penso.

Digo,brincando:

–Ele é bonito? É jovem?

Isso destoa um pouco do tom sentido e profundo que a moça deu a sua confissão, mas minha brincadeira é bem vinda.

Ela não é daquele tipo que fala tudo no mesmo tom meio gay que os gays usam, tipo “ ai,miga,nem tem conto ”.

Essa moca tem um ar autêntico e muito digno, apesar de ser uma “ atendente de shopping ”.

Me olha como quem diz:

–Ainda mais essa para piorar tudo.

Sem chegar a dizer nada me mostra fotos no celular dela.

Vejo um rapaz, rapaz mesmo, daria 28 anos no máximo e isso por saber que ele deve ter mais do que aparenta, pois aparenta 24-25.

É claramente estrangeiro, provavelmente inglês, o que explicaria mais ainda tudo aquilo, com um cabelo loiro encaracolado curto. É bem constituído de corpo ,forte e alto e tem um rosto bem tipicamente inglês.

Apesar de estar super dentro da categoria de “ homens bonito s’ não se enquadra no tipo que me atrai, pois não gosto muito de loiros.

Mas sim,ele pode ser descrito como jovem e bonito.

Digo para a garota, ainda mantendo o tom de brincadeira mas sem chegar a entrar naquele tom farsesco dos gays que me irrita:

–Noossssa. você está zoando .Isso parece coisa de filme. O jovem rico bonitão apaixonado por coisas culturais.

Realmente se existisse um filme bem clichê sobre um nobre rico que investe em exposições culturais de altíssimo nível apenas por paixão e mesmo assim teria personalidade difícil, iriam pegar um ator com aquela cara.

Eu chego mesmo a achar aquilo meio inacreditável e não acho que a garota esteja mentindo mas preciso que ela me confirme que me mostrou a foto certa e não a do instrutor bonitão de tênis dela, pois o rapaz está numa quadra de tênis que tanto poderia ser a da sua mansão como a de um clube.

A moça confirma que é ele mesmo.

Parece cada vez mais triste. Sem dúvida tem sofrido bastante por ter que arcar com a parte emocional de um trabalho que pelo jeito ela gosta bastante.

Não só o patrão faz coisas que a incomodam pelo lado artístico como também roubou seu coração sem lhe corresponder.

E nesse momento fica claro para mim mesma que em parte tinha esperanças de me envolver com aquele homem que demonstrava paixão verdadeira pelo mesmo universo que eu. Mas ao ver a foto me parece fora de questão um rapaz tão novo se interessa por mim que tenho o dobro da idade dele, sendo até a recíproca verdadeira.

Ele era loiro, coisa que não gosto, mas além disso tinha ainda jeito de rapaz.

Para uma moça de 25 como ela, tudo bem, mas para mim ele não chegava a ser um homem, era ainda meio “ menino ”. Não só fisicamente como de espírito mesmo. Um rapaz de 25 anos nasceu ontem, nunca seria alguém com quem eu teria uma conexão espiritual.

O que começo avaliar em seguida é até que ponto existe ou não chance dele vir a gostar da moça e até que ponto eu poderia contribuir para isso.

E chego a conclusão que se fosse filme,sim. Mas na vida real coisas assim não acontecem. E eu seria irresponsável se ficasse dando corda na moça.

Esse é o nível de sinceridade em que me ponho como “ amiga ” dela.

Ela está visivelmente no seu máximo de esforço para lidar com a situação e inclusive controlar seus sentimentos, pois sem chegar a dizer claramente, ela deixa claro que compartilha da minha opinião e acha que sua paixão para o chefe é algo fora de propósito que tem que ser controlado.

Então estamos noutro lugar ali, como que sentadas numas bancadas da exposição.

Já oficialmente amigas.

Não sei o que dizer a ela. Fico pensando se existe mesmo uma forma de ajudá-la a conquistar o rapaz. Ela gostava mesmo dele. Algum tempo atrás eu mesma acharia atée possível, mas agora ei que as coisas não são bem assim e posso mais prejudicar e iludir que ajudar.

Não sei o que digo que faz com que ela responda:

–Sim, tenho falado com o Centro de Apoio e eles tem me ajudado.

Me mostra então um livro que estava sempre ali com ela no qual eu já tinha reparado.

Era um livro dos anos 50 de auto ajuda,até meio um clássico tipo “ O poder do pensamento positivo ” ou : Como fazer amigos e influenciar pessoas" do Dale Carnegie, só que voltado para amores impossíveis. Tipo “ Como lidar com amores obsessivos não saudáveis nas relações de trabalho ”.

Havia esse enfoque de ser lidar com isso nas relações de trabalho.

Várias coisas me ocorrem.

Primeiro que aquilo confirma a história dela.

Tudo estava tanto com tom de LifeTime Movie, aquele ricaço bonitão, a pobre moça bonita e cheia de valores, etc, que eu estava sim um pouco cautelosa.

Não conhecia ela direito, não podia acreditar cegamente em tudo.

E em segundo lugar sou tomada de nova onde ade profunda admiração pelos organizadores daquela exposição. Até com um Centro de Apoio a questões emocionais dos funcionários a coisa contava? E isso incluía a organização do Shopping ois ela meio que seria uma funcionária do Shopping que estava nessa função de organizadora e atendente da exposição.

Aliás sendo essa a outra coisa que me ocorria, Aquela moça que obviamente esteve envolvida na organização da exposição pelo lado do Shopping e que demonstrava cultura e sensibilidade para se importar com a tampa de plástico do garrafão, também atuava como mera atendente ali da exposição e eu me perguntava a razão de acumular duas funções de nível tão desigual, coisa que obviamente não era causada por economia, por mais que a história da tampa pudesse apontar nesse sentido.

E com todos esses pensamentos se encerra esse sonho, que ocupou 8 páginas se não me engano. Esse word me irrita, ele não trabalha bem.

E apesar de ter no começo achado que não era informação importante ,agora perceboque a dinâmica entre esses 2 casais, tanto a Bolena com o repulsivo de todas as formas Henry, quanto a da moça simples com o ricaço de temperamento difícil, quase que lista todos os aspectos da minha relação na vida real com o Sturm, com quem voltei a entrar em contato por causa do Colégio das Vísceras e porisso fica aqui o registro disso.

Mais coisas que lembrei.

Quando a moça menciona o tal cara e eu brinco perguntando se é bonito e jovem e sou bem como a Renatinha nesse momento, a moça me entrega seu celular para eu ver a foto dele e antes disso, percebendo que acabamos de ficar amigas de verdade me dou conta que não sei seu nome e antes de olhar a foto no celular pergunto:

–Coo é seu nome?

Ela me responde ainda com o celular na mão algo que me deixa em düvida se seria Aline ou Alene.

Pego o celular e pergunto, confusa:

–Alene?

Ela me olha com uma cara que quer dizer tão claramente:

–Alene, quem tem esse nome?

E diz:

–Aline.

Digo:

–Desculpe, você falou de um jeito estranho,n ão consegui entender.

Então depois das fotos entro nesse momento de ficar com certa compaixão por ela e sem saber como de fato ajudar, pois achava a paixão sem esperanças.

Mas ao mesmo tempo me ocorre algo que talvez deponha no sentido contrário.

Pois de uma maneira confusa me pego pensando na concatenação precisa que foi necessária para o destino unir duas pessoas de mundo diferentes que tanto tinham em comum.

Os dois eram um casal perfeito, ambos se completavam, tinham paixões em comum,a moça já estava sinceramente gostando dele e era um amor puro, não pelo fato dele ser rico e ele, se ainda era o típico rico meio metido de 25 anos, poderia sim vir a perceber o quanto ali estava a chance de ser feliz no amor, pois apesar dos defeitos que ele manifestava, também era uma alma movida por paixões sinceras e não era o tipo de cara que faria casamento por conveniência ou por razões erradas, tipo querer uma esposa troféu.

E é engraçado pois apesar de numa esfera achar que aqueles dois tão aparentemente diferentes tinham sido unidos pelo universo numa complexa e precisa operação, numa esfera mais de pensamento lógico racional achava que o sensato seria achar que uniões desse tipo só acontecem nos filmes do Hallmark Channel e o melhor seria desincentivar a moça nesse sentido.

E quando estou pensando nisso tudo é que saio de trás da minha casa-patamar,ou casa-cozinhaamericana e sigo com a moça na direção dessas bancadas que faziam parte da exposição. E logo que saio detrás do patamar,ou beiral, noto no chão algo que fica entre ser um arame farpado e hastes de plantas espinhudas.

São espinhos, mas de um plástico muito duro e não metal, num formato que remete muito a arame farpado.

Estão caídos no chão num fio meio enrolado.

Fico atenta para não pisar os espinhos, pois estou descalça.Com cuidado consigo e logo os ultrapasso.

Tem uma coisa que agora fazendo ginástica me pareceu válido anotar e respeito muito as coisas que penso fazendo ginástica.

O tempo todo tenho no sonho uma sensação de destino.

Sinto que aquela exposição ter sido colocada pelo destino na minha frente prova que fui mesmo Ana Bolena.

Sinto a mão do destino na história do rapaz com a moça.

E são duas histórias de moças simples sendo levadas pelo destino até o Rei.

E mesmo no sonho sinto que se foi o que houve comigo, tudo indica que serei novamente conduzida ao Rei para, espero, conseguir superar o trauma e finalmente encontrar um Rei bom.

IMAGE CREDITS NÃO SEI

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


WESTMINSTER ABBEY

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL