O H

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{11 de fevereiro de 2025}

Acho que principia eu e ela nessa mesa retangular de madeira rústica escura, e ela me diz para ir pegar um café para nós. Nesse momento ela parece mais a Lú do que a Ella. Eu então me levanto e arrumo minhas coisas ali, acho que uma mochila, tem algo. Será que eu pego minha carteirinha de lona laranja? Mas de qualquer forma, seriam preparativos para ir buscar o café. Saio então para a lateral desse lugar onde estamos, que seria uma espécie de estacionamento aberto. Há ali adiante uma guarita com um caixa e diante dela, uma pequena fila de pessoas. Está de noite e escuro. Fico na fila. Logo chega minha vez e estou diante de uma mulher jovem com cabelos escuros revoltos, uma figura que tem aparecido bastante nos meus sonhos ultimamente. Estendo o cartão de crédito e digo:

- Por favor, dois cafés.

- Mas você não sabe que se você mesma for pegar, fica 20% a menos?

Tem um tom enfático como de alguém que se preocupasse muito com minhas finanças. Mas 20% a menos não é algo para se desprezar. Digo que vou eu mesma pegar. A mulher cobra o valor equivalente e me indica uma daquelas mini porteiras de metal laterais e uma garota abre para que eu passe. Acho que chama chancela. Atrás da guarita havia um espaço de chão de uns 20 metros e lá no fundo umas lojinhas com possibilidade de serem quiosques de café. Vou reto nessa direção. Algumas pessoas estão seguindo também. Mas enquanto essas pessoas logo parecem encontrar o que estavam procurando, eu não vejo nenhum quiosque de café, Todas já pararam diante dos quiosques ou lojinhas que ofereciam o que desejavam, enquanto eu sigo sozinha mais adiante, mesmo que diante de mim fique cada vez mais escuro. Vejo lá no extremo do local um quiosque todo apagado, parece fechado. Seria esse o lugar? Me aproximo um pouco mais e então vejo que está fechado mesmo e que depois dele só há um espaço vazio.

Acho que ainda tento gritar de lá para a mulher morena:

– Não tem café nenhum aqui!

Mas estou lomge demais para ser escutada. Percorro então todo o caminho de volta já mal humorada.

Quando chego no quiosque digo, mas sem agressividade:

– Não tem café nenhum lá.

Aqui ocorre algo embolado de sonho. A mulher morena de cabelo revolto me confirma que não tem mesmo, foi um lapso que ela vai procurar corrigir, mas ao mesmo tempo, não sei porquê, me tornei dependente dela para voltar para casa.

O restaurante de onde havia saído era a uns 20 metros de distância, mas nesse instante, para eu retornar seria preciso pegar um carro, e o único disponível era o carro da mulher morena, que se prontifica a dar carona para mim e mais umas pessoas, em parte como um favor,.

Por uma lógica surreal de sonho, o fato de eu não ter conseguido café é que me colocou nessa situação,

Então me vejo na necessidade de avisar minha amiga que eu iria demorar mas estava voltando, afinal, ela deveria estar bem sem saber o que raio tinha me acontecido.

E nesse momento a minha amiga é a Ella, a atriz da Dix. E eu me dou conta de que não sei o número do celular dela, não imaginei que fosse precisar. Então não tenho como avisar e isso me angustia muito. Entro no carro da mulher morena, com minhas variadas coisas no colo, me apertando para caber, pois a mulher morena está levando várias outras das pessoas que estavam na fila para casa, pensando sem parar no quanto a Ella deve estar confusa.

E de tanto pensar nisso, crio algo que não saberia dizer se seria fantasia ou fato ali do sonho, mas me vejo na casa dos meus avós na Otonis, onde a Ella morava, à procura de algum lugar, algum bloquinho que fosse onde eu pudesse descobrir o número do celular dela para ligar. Meu celular está quase sem bateria, mas acho que aguenta mais uma ligação.

Ando pela casa incorporeamente, eu disse que não sabia se era fato ou fantasia no sentido de não saber se isso estava rolando mesmo ou eu estava apenas fantasiando, mas seja de que maneira fosse, eu não estava lá fisicamente.

A empregada da casa, uma moça mulata magrinha com óculos e cara de estudante sai da cozinha com a bandeja do almoço e passa por mim sem me notar, afinal, eu sou quase um fantasma.

Eu acho que estou dizendo algo tipo: qual é o telefone da Ella? Qual?

Pois mesmo não estando ali fisicamente, podia ser que meu pensamento atingisse a empregada e a induzisse a dizer o número do telefone, mesmo sem saber porquê.

Nada disso acontece.

Parece que tem mais lances aqui, mas sempre nisso de eu não ter como me comunicar com a Ella.

E então estou fora da Otonis, naquele quarteirão sentido Sena Madureira e ao meu redor está rolando, se bem que também não fisicamente, uma espécie de comercial vivo. Já me vejo ali tendo o comercial iniciado, e naquele determinado ponto dele, eram mostradas pessoas dentro de seus carros,, todas comentando com animação basicamente a mesma coisa:

– Quando eu faço o H, tudo funciona, meus rins funcionam, etc.

A parte que recebia maior destaque era de uma moça de blusa rolê branca dizendo isso, enquanto seguia animada em seu carro, mas tinha um homem, que em outro carro dizia mais ou menos o mesmo, que quando fazia o H o dia dele funcionava.

E me vendo cercado por esse comercial vivo é que termino o sonho.

IMAGE CREDITS CAMILA AKRANS | MARIACARLA BOSCONO | VOGUE NIPPON MARCH 2009


O H

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