{10 de setembro de 2024}
Na Gassipós, ali na sala, na presença da minha mãe e minha irmã, acho que minha mãe abre a porta e ali nos degraus que tinha na frente da porta está a Astrid, ex-sogra da Lú, do jeito que me lembro dela e não faço idéia porquê seria já a segunda vez que meu sub usa a imagem dela para representar algo, teve o sonho oquartodaAstrid.
Ela me sorri. Veio me buscar para me levar para casa e eu fico tão emocionada que coloco a mão sobre meu coração e digo:
– Te agradeço do fundo do meu coração.
Super sincero.
Mas tenho que buscar meu carro, o golzinho, que está estacionado num quarteirão próximo. Posso fazer isso rapidinho. Como se fosse colocar ele na garagem, pois irei no carro da Astrid.
Entro no golzinho e começo a dirigir mas em segundos me perco e me vejo naquelas vias que saem de São Paulo, que vão para sei lá, aeroporto, com as quais sempre sonho, até tento seguir placas mas me vejo errando horrores e me perdendo no infinito e mesmo sabendo que estou indo pelo caminho errado, indo em frente mesmo assim por não ser capaz de fazer melhor que isso, então parte da minha mente quer acreditar que sei lá, pode ser que dê certo por acaso, pois racionalmente me sinto completamente sem capacidade de achar o caminho de volta, penso até em estacionar e ligar para não sei quem e dizer:
– Estou perdida, venha me buscar.
Havia uma moça. No começo eu assistia como sendo um filme mas aos poucos sutilmente passava a ser uma cena real que eu acompanhava, mesmo que sempre de fora da cena.
Essa moça havia passado por profundas dores sentimentais. Profundas mesmo. Não ficava mais definido que isso e nem mesmo isso de muitas dores estava colocado, eu é que, percebendo que ela é eu, disse isso de várias, mas ela estava num nível de dor que eu já estive e espero não estar mais e então tem uma cena na qual ela está numa banheira tomando banho, com água e espuma, pelo menos nada sujo, e sua carência de afeto e contato físico é tamanha que ela beija seu gato, que está ali na beirada da piscina, pois precisa de toque erótico com outro ser vivo. Um beijo na boca do gato, apenas isso.
Mas a dor dela é, como disse a Pat uma vez, quase dá para cortar com uma faca e então…
Algo se passa e ali da banheira saem três garotas idênticas. Idênticas a tal garota de coração partido. Saem vestidas e são todas jovens e bonitas e se vestem de forma muito parecida, variações da mesma roupa praticamente, uma delas tem uma mini saia de jeans e está com uma faixa de tecido vermelho enrolada na diagonal na coxa esquerda, outra está com uma mini saia igual e top vermelho, outra está com essa faixa vermelha no pescoço.
No sonho eu penso com clareza:
– Essa foi a maneira que ela encontrou para lidar com a dor, se dividiu em três e cada uma dessas três exerce uma função diferente.
Fico na dúvida se aquilo seria bom ou ruim e então não são mais três garotas e sim um grupo de umas 10 pessoas de variadas faixas etárias e roupas e aspectos, que estão meio emboladas ali.
Aí fico mais confusa ainda. Seria isso uma representação de sei lá, transtorno de múltiplas personalidades? Acordada pensei: transtorno de múltiplos interesses artísticos?
Estou nesse hotel. Tudo isso o mesmo sonho. Ali num saguão, vejo meu pai e meu irmão. Meu irmão vai para lá e então acho que vejo meu pai comentando com não sei quem sobre a doença do meu irmão, parece que envolve sangramento.
Vou até meu pai e pergunto:
– O quê o João teve?
Estou preocupadíssima. Meu pai responde um nome ali que não seria de nenhuma doença da vida acordada mas que não seria nada de grave, o equivalente a anemia ou sangramento no nariz. Envolvia sangue.
Aí estou com a Lú e minha mãe e saimos do refeitório e esse hotel é grande, estilo o Othon do Miss Brasil, e vamos nós três rumo a uma das recepções, sendo essa algo meio em estilo Mc Donald’s, de plástico amarelo e vermelho, acho que seria algo direcionado ao público infantil e acho que vamos até lá pegar nossas chaves e então minha mãe sumiu.
Sumiu. Fica algo meio confuso mas o que lembro é que eu e minha irmã ficamos tentando localizar a mamãe e voltamos ao refeitório, acho, ficou embolado isso mas então eu acho que a melhor idéia seria voltar à recepção McDonalds, pois teria sido o último lugar em que estivemos nós três juntas e perguntar para a recepcionista se ela tinha visto algo ou mesmo visto aquela senhora que estava com a gente por aí.
Só que… por nada conseguimos achar a tal recepcão. Achamos outras, essas de madeira nobre e entalhada, mas ninguém ali nem viu nunca minha mãe, não adianta perguntar. Tentamos várias vezes e então…
Tem mais coisa no meio, mas o que lembro é que então desencanamos de achar a recepção onde nos separamos da mamãe e vamos numa das recepções que tem ali mesmo, melhor que nada. Então quando o atendente vem todo solícito ver como pode nos ajudar, como costuma ser em hotéis de classe como aquele, a Lú toma a dianteira e reclina sua cabeça de lado sobre o bancada de madeira escura que tem ali no guichê e languidamente começa a chorar e se lastimar.
Eu teria feito uma pergunta direta e objetiva, mas sendo o atendente um homem jovem e atraente, talvez essa abordagem funcione mais.
Ele até dá toda sua atenção para a Lú, mas não consegue entender qual seria o problema, por que ela fala vaga e confusamente de dores gerais dela.. Eu então pergunto se ele não teria visto uma senhora de cabelos brancos que seria nossa mãe, e que tinha sumido.
Essa pergunta não rende nenhuma informação útil e ou saímos dali ou justamente por causa do que vejo ali no anexo é que saímos dali deixando a questão irrespondida.
Pois ali numa das várias salas de estar que existem no hotel, vejo meu pai, o João e uma parente feminina idosa minha sentados ali juntos.
Seria uma tia do meu pai, acho. Mas isso é uma grande alegria. Por que eu no fundo também estava dando meu pai e meu irmão como sumidos.
Vamos até ele e logo contamos que não conseguimos achar a mamãe e meu pai, que está risonho e seguro de si, parece que vai cuidar do assunto mas então ele se levanta e vai atrás do meu irmão, que saiu ali da sala por uma dessas portas balcão que tem ali pegado. Vejo meu pai com uma camiseta azul vibrante, tem algo escrito na frente, ele atravessa o páteo ali do lado de fora e vira uma esquina atrás de uma edificação, sumindo de vista.
Mas sentimos que tudo está resolvido e ficamos ali conversando com essa tia dele e então meu pai não volta. Vou eu atrás ali pelo páteo, e vejo pessoas passando mas meu pai sumiu. Sumiu. Ele e meu irmão.
O sonho nunca chega a nomear o hotel como Hotel Sumiço, eu coloquei esse nome para ficar mais fácil de localizar o sonho depois, anda tendo muito sonho que não consigo mais localizar. Mas a partir desse momento começo a ver o Hotel exatamente dessas forma. Todas as pessoas ligadas a mim vão sumir.
Rola mais algo que não lembro e ando com a Lú para mais umas tentativas, nem sei se atrás do meu pai ou da minha mãe e então eu pego na mão dela forte e digo:
– Segura na minha mão para você não sumir também.
Dá muita agonia escrever isso.
Andamos mais um tempo e então sentamos para descansar um pouco numas cadeiras de uma das salas e a Lú solta minha mão várias vezes e eu digo brava:
– Você quer sumir também? Ou quer que eu suma?
Então vem a passagem que mais marcou.
Curiosamente a Lú tomou a forma do Chris Rock do Everybody Hates Chris, mas adulto, muito magro e com um terno branco de malandro carioca, mexendo num radinho ou um equipamento musical pequeno. Mas continua sendo a Lú.
Então penso um pouco, olho seriamente para ela e digo:
– Lú, vamo sair daqui. Vamos desencanar de achar a mamãe e sair daqui. Eu tenho dinheiro. Vamos seguir com nossas vidas.
Não sei se chego a dizer que o hotel é perigoso. Mas é o que acho. O Hotel é perigoso. Não vamos encontrar nada ali, pelo contrário. Se ficarmos ali a procura da nossa mãe, periga nós duas sumirmos. É melhor desencanar de encontrar qualquer coisa ali e seguir com minha vida ao lado da minha energia feminina. E é isso que eu desejo fazer aqui acordada mas não vejo na prática como.
IMAGE CREDITS EVELYN BENCICOVA